Geral
17/10/2013 09:00:00
"Tempestade em copo dágua", diz mãe de menina em fotos erotizadas
A mãe da criança de três anos que aparece em uma campanha publicitária em fotos erotizadas afirma estar surpresa com a repercussão do caso.
G1/LD
Imprimir
A\n mãe da criança de três anos que aparece em uma campanha publicitária em fotos\n erotizadas afirma estar surpresa com a repercussão do caso. Fizeram uma\n tempestade em copo dágua. Minha filha não merecia passar por isso, afirma\n ela, que pediu para não ser identificada para preservar a filha. Para o Dia das\n Crianças, a marca cearense veiculou na internet e nas lojas imagens da menina\n maquiada, usando objetos e fazendo poses de adulto. Após a publicação em 12 de\n outubro, as imagens foram compartilhadas por centenas de usuários do Facebook,\n acompanhadas de críticas à marca. A empresa diz que houve uma interpretação\n distorcida do conteúdo.\n \n A\n mãe da criança afirma que acompanhou as fotos da filha e que não viu erotização\n no resultado. Levei roupas dela para o ensaio, mas sugeriram que ela fizesse\n só de calcinha para dar um ar mais infantil às fotos. Eu concordei, diz. Segundo\n a mãe, a criança que posou para campanha não faz trabalhos como modelo e elas\n não receberam dinheiro. Aceitei porque sou amiga de pessoas da empresa. É a\n primeira vez que minha filha faz fotos para publicidade. Nem gosto disso. Antes\n disso, já tinha recebido várias convites. Aceitei mais por uma brincadeira,\n afirma.\n \n Para\n a mulher, nem ela, como mãe, nem a empresa de bolsas e sapatos devem ser\n culpadas pelas fotos. A agência que fez e estudou é que deveria ter noção que\n uma foto passaria ptudo isso. Nem eu, nem o dono temos noção disso, conclui.\n Durante a tarde desta quarta-feira (16), o G1\n tentou entrar em contato com a agência responsável pela campanha, mas as\n ligações não foram atendidas.\n \n Conar
\n O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) afirmou que,\n até a segunda-feira (14), recebeu 70 notificações sobre a campanha da marca\n cearense, aceitou as denúncias e abriu um processo contra o anunciante. O órgão\n recebe denúncias de consumidores, autoridades e anunciantes, além de regulamentar\n a prática publicitária com base no Código Brasileiro de Autorregulamentação\n Publicitária.\n \n Entre\n os que criticaram a campanha, estão especialistas e publicitários que analisam\n que as peças ferem o código, que trata sobre crianças e adolescentes na publicidade.\n O parágrafo 1º do artigo 37 diz que crianças e adolescentes não deverão\n figurar como modelos publicitários em anúncio que promova o consumo de\n quaisquer bens e serviços incompatíveis com sua condição, tais como armas de\n fogo, bebidas alcoólicas, cigarros, fogos de artifício e loterias, e todos os\n demais igualmente afetados por restrição legal.\n \n ECA
\n Segundo a coordenadora do Grupo de Pesquisa da Relação Infância, Juventude e\n Mídia (Grim), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Inês Vitorino, a campanha\n desrepeita não só o código da publicidade. É uma campanha extremamente de mau\n gosto e desrespeitosa em relação às crianças. Para começar, a criança não é o\n foco da campanha. A marca é para o consumo de adultos e coloca a criança\n extremamente erotizada, em uma situação absolutamente desnecessária. Além\n disso, fere o ECA porque coloca a criança em situação vexatória, de calcinha,\n se maquiando, dentro de uma sociedade com tantos casos de pedofilia e abuso\n sexual, afirma.\n \n Diante\n do caso, o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) propôs na\n terça-feira (15) ao Ministério Público uma ação ação coletiva para que futuras\n campanhas envolvendo crianças e adolescentes não adotem uma postura similar.\n Segundo a entidade, mesmo que campanha da Courofino tenha sido retirada de\n circulação, a empresa pode ser penalizada com multa ou ter de assinar um Termo\n de Ajustamento de Conduta (TAC).\n \n A\n argumentação jurídica do Cedeca se baseia nos artigos 17 e 18 do ECA. O artigo\n 17 fala do respeito à inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral\n da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade,\n da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.\n \n O\n artigo 18 do ECA traz que é "dever de todos velar pela dignidade da\n criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,\n violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor".\n \n "Má interpretação"
\n Em nota, a marca Courofino informou que as peças e o banner publicitário\n divulgados na página oficial da empresa em uma rede social "buscou\n homenagear uma data tão importante no cenário nacional" e que houve uma\n "interpretação distorcida da real intenção da empresa" que era de\n mostrar a brincadeira de uma criança com os pertences da mãe.\n \n A\n empresa também afirmou que não teve a intenção de erotizar a infância e\n informou que já retirou o material publicitário de circulação. A marca ainda\n pediu aos usuários das redes sociais que não compartilhe a imagem ou que\n excluam das páginas para diminuir os "efeitos negativos causados pela má\n interpretação da campanha".\n \n De\n acordo com o Conar, mesmo que a marca retire as peças, o processo continua\n tramitando, pois poderá referenciar campanhas futuras. Segundo o conselho, o\n voto deve ser dado até esta quarta-feira (16). Caso não tenha uma medida\n liminar, a campanha pode ser utilizada até o fim do julgamento do processo, que\n dura de 30 a 40 dias.\n \n Ainda\n de acordo com o Conar, é importante que as empresas reconheçam e atendam a\n regulamentação do conselho. A retirada é de responsabilidade do anunciante, que\n é informado sobre a existência do processo e pode participar da sessão que\n julgará o processo, apresentando, inclusive, defesa.
\n O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) afirmou que,\n até a segunda-feira (14), recebeu 70 notificações sobre a campanha da marca\n cearense, aceitou as denúncias e abriu um processo contra o anunciante. O órgão\n recebe denúncias de consumidores, autoridades e anunciantes, além de regulamentar\n a prática publicitária com base no Código Brasileiro de Autorregulamentação\n Publicitária.\n \n Entre\n os que criticaram a campanha, estão especialistas e publicitários que analisam\n que as peças ferem o código, que trata sobre crianças e adolescentes na publicidade.\n O parágrafo 1º do artigo 37 diz que crianças e adolescentes não deverão\n figurar como modelos publicitários em anúncio que promova o consumo de\n quaisquer bens e serviços incompatíveis com sua condição, tais como armas de\n fogo, bebidas alcoólicas, cigarros, fogos de artifício e loterias, e todos os\n demais igualmente afetados por restrição legal.\n \n ECA
\n Segundo a coordenadora do Grupo de Pesquisa da Relação Infância, Juventude e\n Mídia (Grim), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Inês Vitorino, a campanha\n desrepeita não só o código da publicidade. É uma campanha extremamente de mau\n gosto e desrespeitosa em relação às crianças. Para começar, a criança não é o\n foco da campanha. A marca é para o consumo de adultos e coloca a criança\n extremamente erotizada, em uma situação absolutamente desnecessária. Além\n disso, fere o ECA porque coloca a criança em situação vexatória, de calcinha,\n se maquiando, dentro de uma sociedade com tantos casos de pedofilia e abuso\n sexual, afirma.\n \n Diante\n do caso, o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) propôs na\n terça-feira (15) ao Ministério Público uma ação ação coletiva para que futuras\n campanhas envolvendo crianças e adolescentes não adotem uma postura similar.\n Segundo a entidade, mesmo que campanha da Courofino tenha sido retirada de\n circulação, a empresa pode ser penalizada com multa ou ter de assinar um Termo\n de Ajustamento de Conduta (TAC).\n \n A\n argumentação jurídica do Cedeca se baseia nos artigos 17 e 18 do ECA. O artigo\n 17 fala do respeito à inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral\n da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade,\n da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.\n \n O\n artigo 18 do ECA traz que é "dever de todos velar pela dignidade da\n criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,\n violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor".\n \n "Má interpretação"
\n Em nota, a marca Courofino informou que as peças e o banner publicitário\n divulgados na página oficial da empresa em uma rede social "buscou\n homenagear uma data tão importante no cenário nacional" e que houve uma\n "interpretação distorcida da real intenção da empresa" que era de\n mostrar a brincadeira de uma criança com os pertences da mãe.\n \n A\n empresa também afirmou que não teve a intenção de erotizar a infância e\n informou que já retirou o material publicitário de circulação. A marca ainda\n pediu aos usuários das redes sociais que não compartilhe a imagem ou que\n excluam das páginas para diminuir os "efeitos negativos causados pela má\n interpretação da campanha".\n \n De\n acordo com o Conar, mesmo que a marca retire as peças, o processo continua\n tramitando, pois poderá referenciar campanhas futuras. Segundo o conselho, o\n voto deve ser dado até esta quarta-feira (16). Caso não tenha uma medida\n liminar, a campanha pode ser utilizada até o fim do julgamento do processo, que\n dura de 30 a 40 dias.\n \n Ainda\n de acordo com o Conar, é importante que as empresas reconheçam e atendam a\n regulamentação do conselho. A retirada é de responsabilidade do anunciante, que\n é informado sobre a existência do processo e pode participar da sessão que\n julgará o processo, apresentando, inclusive, defesa.
COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias