Em reunião no MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), nesta quarta-feira (11), a mãe de Sophie Emanuelle, Maria Aparecida Viana Pio, de 26 anos, relembrou como ocorreu o acidente doméstico com a menina, seguido da morte, que a família classifica como resultado de negligência médica. O depoimento prestado nesta tarde será enviado ao CRM (Conselho Regional de Medicina) e ao Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul).

Hoje completam 13 dias desde a morte da menina de cinco anos, que no dia 25 foi atingida na cabeça por um portão enquanto brincava. À reportagem, Maria comenta que reviver a dor da perda é ruim, mas se faz necessário para evitar mais casos como o da filha.

"Eu sei que nada vai trazer ela de volta, nada. Mas eu estou fazendo isso por ela e por outras crianças, para que isso não venha acontecer de novo. A dor que eu estou sentindo hoje, mãe nenhuma tem que sentir. Ainda mais vindo de médico. Eles estão ali para salvar vidas", afirma.

Após a reunião, ela expõe ter se sentido amparada juridicamente, já que desde o falecimento da menina havia apenas registrado um boletim de ocorrência. "Eu estou sendo muito grata por todas essas pessoas, tanto na Câmara dos Vereadores, quanto aqui e na delegacia", diz.

Ontem (10), ela esteve na Câmara Municipal de Campo Grande, onde falou na tribuna, pedindo apoio dos vereadores nas apurações do caso e pedindo justiça. A partir disso, o vereador Roberto Avelar, o Beto Avelar (PP), conta que se prontificou em acompanhá-la por ser advogado e por ter uma história particular envolvendo negligência médica.

"Eu tenho a legitimidade porque eu passo por uma situação. É claro que meu filho não veio a óbito, mas também foi erro médico. Meu filho foi tirar um pino do braço, teve parada cardiorrespiratória e não teve os devidos cuidados", pontua. A história do filho do vereador, Roberto de Avelar Júnior, 30 anos, foi contada em reportagem de fevereiro do Campo Grande News.

A reunião durou pouco mais de uma hora e, ao final dela, Beto Avelar explicou quais serão os próximos procedimentos. "A Maria concordou que o depoimento fosse enviado. Vão ter outros procedimentos, mas os criminais dessas sindicâncias devem ser feitos, tanto pela Santa Casa, CRM e Coren", declara.

Outro ponto levantado durante o depoimento de Maria foi o fato de os médicos terem mandado a menina voltar para casa mesmo após o exame que constatou uma fratura. "Se eles tivessem dado a atenção que ela merecia, eles poderiam ter salvo a vida dela, mas eles não deram importância", destacou a mãe de Sophie.

Entenda o caso – Sophie sofreu um acidente doméstico no dia 25 de maio, um domingo, ao ser atingida na cabeça por um portão. Foi levada à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida e, devido à gravidade do ferimento e por ser cardiopata, acabou transferida para a Santa Casa.

No hospital, passou por exame de raio-x e recebeu alta menos de quatro horas depois. Em casa, o quadro piorou. A menina teve febre alta e vômitos. Retornou ao hospital, onde foi colocada em observação e medicada apenas para dor. A tomografia feita posteriormente confirmou fratura na cabeça.

Nos dias seguintes, segundo relato da família, Sophie continuou sendo tratada apenas com analgésicos. Ela não resistiu e morreu na quinta-feira, 29 de maio.