\n \n O\n conclave que se reunirá no dia 12 de março no Vaticano é uma assembleia de\n cardeais regida por regras muito rígidas, durante a qual os cardeais se isolam\n do mundo exterior para evitar pressões até terem escolhido um novo Papa.\n \n A\n palavra "conclave" vem do latim, "cum clavis", e significa\n precisamente "fechado à chave".\n \n O\n sistema de fechar os cardeais teve início no Concílio Lyon II (1274).\n \n Na\n próxima semana, 115 cardeais com menos de 80 anos dos 117 que compõem o corpo\n eleitoral (um indonésio e um britânico não participarão) se fecharão no recinto\n da cidade do Vaticano, declarado zona de Conclave.\n \n Antes,\n todo o Colégio Cardinalício, incluindo os maiores de 80 anos, terão realizado\n as chamadas congregações ou assembleias para debater o estado da Igreja e\n definir o perfil do sucessor de Bento XVI, após sua histórica renúncia no dia\n 28 de fevereiro.\n \n O\n novo Papa será eleito em uma das votações que serão realizadas na Capela\n Sistina.\n \n Durante\n a duração do Conclave, os cardeais serão proibidos de utilizar qualquer tipo de\n comunicação com o exterior, sem telefone ou computadores. Não poderão enviar\n mensagens eletrônicas ou alimentar suas contas nas redes sociais.\n \n O\n Vaticano ordenou inclusive uma limpeza eletrônica para detectar qualquer\n possível mecanismo transmissor ou receptor camuflado no âmbito da clausura e\n colocou um aparelho que restringe os sinais de rádio dentro da Capela Sistina e\n nas áreas próximas a ela.\n \n No\n início do conclave, os cardeais farão um juramento de silêncio. Além dos\n cardeais, todos os funcionários do serviço que têm acesso a eles também deverão\n jurar que manterão segredo sobre tudo o que tiver relação com as reuniões, sob\n pena de excomunhão.\n \n O\n conclave terá início com uma missa votiva "Pro elegendo papa", após a\n qual os cardeais se dirigirão em procissão até a Capela Sistina, local da\n eleição, cantando o "Veni Crator" para invocar a ajuda do Espírito\n Santo, segundo a Constituição Apostólica.\n \n Além\n disso, o mestre de cerimônias pronuncia o "Extra omnes!" ("Fora\n todos!", ordenando que aqueles que não tenham a ver com a eleição saiam do\n recinto).\n \n As\n portas se fecham e ficam sob a proteção da Guarda Suíça.\n \n Para\n ser eleito, um cardeal precisará de uma maioria de dois terços, ou seja, 77\n votos. O voto é secreto. Os cardeais não têm direito de se abster nem de votar\n em si mesmos.\n \n Na\n Capela Sistina serão realizadas duas votações matutinas e duas vespertinas.\n Duas vezes ao dia, uma depois de cada rodada, os papéis são queimados. A cor da\n fumaça que sairá da chaminé anuncia ao mundo o resultado: preta, se ainda não\n houver uma decisão, e branca, se um novo Papa tiver sido eleito.\n \n Nos\n três últimos conclaves (dois em 1978 e outro em 2005), para desespero dos\n jornalistas, o sistema não funcionou corretamente e a fumaça que deveria ser\n branca apareceu como cinza. Na última destas ocasiões foi incorporada uma\n estufa auxiliar com o objetivo de queimar produtos químicos que tingissem\n claramente a fumaça da cor correta, embora tampouco tenha funcionado.\n \n Um\n repique de sinos de São Pedro se somará ao anúncio do evento, e assim tudo será\n mais claro para a imprensa e para os milhares de católicos que seguirão o\n evento.\n \n Se\n depois do terceiro dia nenhum candidato alcançar o mínimo exigido, a\n Constituição estabelece uma pausa de 24 horas, que será dedicada "à\n oração, ao colóquio (...) e a uma breve exortação espiritual".\n \n Se\n ocorrerem outras sete votações inúteis, será feita outra pausa de um dia.\n \n O\n último ato do conclave é a pergunta que três cardeais fazem ao eleito:\n "Aceita sua eleição como Sumo Pontífice?". Após a resposta\n afirmativa, segue outra pergunta, "Quo nomine vis vocari?"\n ("Como quer ser chamado?").\n \n Depois\n de ser parabenizado pelos cardeais, o sucessor do Papa alemão, que poderá\n escolher livremente seu nome, se dirigirá a uma pequena sala contígua onde o\n esperam três hábitos papais (de tamanhos pequeno, médio e grande) para se\n vestir. Costuma ser chamada de "Sala das Lágrimas", já que parece que\n todos os eleitos, sem exceção, choram ali em relativa intimidade diante da\n magnitude da responsabilidade que acabam de assumir.\n \n Em\n seguida, o novo Papa vai à sacada da basílica de São Pedro depois que o\n protodiácono, neste caso o cardeal francês Jean Louis Tauran, anunciar aos\n fiéis: "Habemus papam!" para ser apresentado à multidão reunida na\n gigantesca praça de São Pedro no Vaticano.\n \n \n \n \n