CE/LD
ImprimirPor unanimidade, a 6ª turma do Superior Tribunal de Justiça negou o habeas corpus que pretendia livrar o traficante Joesley da Rosa da prisão. A decisão foi proferida no fim de fevereiro e buscava soltar o homem de 36 anos, apontado como o “cabeça” da quadrilha investigada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) por escoar drogas da fronteira com o Paraguai até São Paulo no âmbito da Operação Snow.
De acordo com a decisão, a negativa de soltura aconteceu porque, segundo o STJ, há indícios suficientes para manter Joesley detido. Conforme aponta o Ministério Público, há indícios de que o Joesley da Rosa atuava como líder da organização criminosa responsável pela gestão da aquisição, venda, depósito e transporte de substância entorpecente, bem como na movimentação dos valores produto do tráfico de drogas.
“Há, portanto, em juízo de cognição sumária, indícios de autoria e/ou participação de Joesley da Rosa no tráfico ilícito de entorpecentes, razão pela qual faz-se necessária a manutenção da segregação para garantir a ordem pública, visando ao acautelamento social, ante a gravidade concreta dos crimes em apuração.”
Operação Snow
Segundo as investigações do Gaeco, ele é apontado como líder da quadrilha e gestão da droga. Com a quadrilha baseada em Campo Grande, o transporte era, em regra, segundo a denúncia do Ministério Público, feito em compartimentos ocultos de caminhões frigoríficos (“mocós”), dada a maior dificuldade de fiscalização policial, já que com a carga ilícita vinham cargas perecíveis.
Cabia à organização criminosa providenciar a inserção da droga em um compartimento previamente preparado para, posteriormente, carregar o veículo com as cargas lícitas que seriam transportadas, após isso, o baú refrigerado era lacrado.
Para mascarar os reais proprietários dos veículos e chamar menos atenção em eventual fiscalização policial, geralmente, a liberação é mais rápida quando o motorista consta como proprietário do veículo, a organização criminosa promovia a transferência de propriedade dos veículos para os motoristas e para as empresas que eram utilizadas no esquema criminoso.
Violento
Em outro momento, em um de seus diálogos com Rodney Gonçalves Medina – o qual, segundo a denúncia do Gaeco, era um dos responsáveis pela logística e pelo transporte da droga entre a fronteira e São Paulo –, Joesley declarou não aceitar traições, enquanto oferecia o dobro para que os motoristas da quadrilha assumissem a responsabilidade pela carga em caso de flagrante policial.
“Eu chegava em você e falava: ‘Meu amigo, você é motorista? Tá bom! Todo mundo paga R$ 20 mil correto? Eu pago R$ 40 mil. [...] Eu quero te pagar R$ 40 mil, porque você vai assumir todo o B.O. Porque se eu pagar R$ 20 mil e você me caguetar, eu vou te matar”, disse Joesley.
O grupo contava ao menos com 10 motoristas, que trabalhavam ligados a lojas de bebidas, a transportes logísticos, a comércios varejistas, e empresas administradas ou a outros integrantes da quadrilha utilizados para movimentar o dinheiro do tráfico.
Saiba
Durante as investigações, o Gaeco detalhou que a quadrilha era extremamente violenta e teria executado pelo menos três de seus membros.