Geral
26/09/2013 06:24:41
Kiss: advogados tentam barrar famílias de vítimas em audiências
Solicitação dos defensores ocorreu após mãe que perdeu o filho no incêndio ser retirada do local dos depoimentos por ter se manifestado
Terra/PCS
Imprimir
Marta Beuren, mãe de Silvio Beuren Júnior, fez gestos que reprovavam as questões de advogado e foi retirada da plateia (Foto: Luiz Roese )
\n Naiara, por exemplo, contou que caiu duas vezes antes de conseguir chegar à\n rua. A primeira vez foi perto da porta que dava acesso à pista de dança, mais\n para a parte de dentro. Quando cheguei naquela porta, ficou tudo escuro.\n Fiquei presa naquele bolo de gente. Era todo mundo se empurrando, mas ninguém\n saía do lugar. Caí por cima das pessoas. A fumaça já estava tomando conta.\n Parecia que o fogo estava atrás de mim. Nem sei de onde tirei forças para me\n levantar, contou Naiara.nbsp;\n \n A jovem\n disse ainda que caiu novamente perto da porta que dava para a rua e, então, foi\n puxada por alguém. Ao ser atendida no hospital, ela estava com uma marca roxa\n nas costas, dando a impressão de que chegou a ser pisoteada quando estava\n caída. Naiara chegou a ficar 20 dias internada - 11 deles em CTI - por conta\n das queimaduras nas vias aéreas.nbsp;\n \n Se saíssem\n 10, entravam cinco, diz porteiro da Kiss
\n Os depoimentos foram retomados à tarde com Fabiano Lopes dos Santos, que\n trabalhava como porteiro da Boate Kiss havia nove meses. Ele relatou que estava\n fazendo uma ronda pela casa noturna quando o incêndio começou, mas não viu o\n início do fogo. Só notou quando o vocalista da banda Gurizada Fandangueira,\n Marcelo de Jesus dos Santos, já estava jogando água para o teto. Depois, ele\n viu alguém alcançando um extintor para o músico e, imediatamente, foi avisar o\n sócio da Kiss Elissandro Spohr, que estava no hall de entrada.nbsp;\n \n Fabiano estima que havia de 800 a 900\n pessoas na Kiss na madrugada do incêndio. Questionado pelo juiz, ele afirmou\n acreditar que a tragédia aconteceria da mesma forma, mesmo que houvesse só 500\n pessoas lá dentro.nbsp;\n \n O porteiro contou ainda que chegou a\n retirar algumas pessoas de dentro da boate. Ele relatou o que viu do lado de\n fora: As pessoas saíam e achavam que estavam bem. Dava dois, três minutos ali\n fora e caíam que nem moscas, descreveu Fabiano, que ainda relatou ter contido\n Elissandro Spohr, pois ele queria entrar na boate para tirar mais pessoas. Ele\n disse também que ajudou a retirar corpos da boate até o caminhão e que não viu\n médico algum acompanhando esse trabalho para atestar que as pessoas estavam\n mortas. nbsp;\n \n Fabiano também relatou que a entrada na\n Kiss era barrada, caso o local estivesse muito lotado. Ele garantiu que, no\n momento do incêndio de 27 de janeiro, o acesso já era restrito. Já tinha\n parado de entrar gente. Se saíssem 10, entravam cinco, disse o porteiro. Mas\n as pessoas na fila não gostavam muito, queriam entrar, acrescentou.nbsp;\n \n Depois de Fabiano, quem depôs foi o jovem\n Janderson Ienssen Romeiro. Ele contou que conseguiu sair consciente da boate,\n mas quase desmaiando. Saí por tato. Quando veio a fumaça preta, eu fechei os\n olhos e tranquei a respiração, relatou a rapaz. Ele ainda mencionou que não\n gostava de ir à Kiss porque a boate estava sempre lotada. O último depoimento\n do dia foi o de Jeferson Saraiva, quando aconteceu o incidente com uma mãe de\n vítima.\n \n Nesta quinta, devem ser ouvidas mais seis\n vítimas. A semana de audiências termina na sexta-feira à tarde, dia em que\n estão previstos os depoimentos de quatro sobreviventes.\n \n Ainda é aguardada uma posição do Ministério\n Público sobre os depoimentos de 23 vítimas, solicitados pela defesa do sócio da\n Kiss Elissandro Spohr.nbsp;\n \n O pedido foi feito pelo advogado Jader\n Marques, que não forneceu os endereços dessas pessoas para que elas fossem\n localizadas. O defensor alegou que elas fazem parte da lista de vítimas\n apresentadas pelo Ministério Público na denúncia criminal e que, por isso, o\n órgão deveria saber sobre elas. Então, o juiz Ulysses Fonseca Louzada intimou o\n MP a se manifestar.\n \n Há ainda vítimas da tragédia da Kiss que\n devem ser ouvidas nas cidades gaúchas de Uruguaiana, Horizontina, Passo Fundo,\n Quaraí, Porto Alegre, Frederico Westphalen, Santa Cruz do Sul, São Borja e\n Caxias do Sul. Vítimas chamadas pelas defesas dos réus também precisarão ser\n intimadas em Florianópolis, Porto Velho e São Paulo.\n \n Depois de ouvir todas as vítimas arroladas\n pelas defesas, o processo criminal entra em outra etapa, quando deverão ser\n tomados os depoimentos das testemunhas de acusação e defesa. Ainda não há um\n número exato de quantas pessoas serão ouvidas nessa fase nem previsão de quando\n os depoimentos ocorrerão.\n \n Respondem ao processo criminal pelas 242\n mortes e os mais de 600 feridos os sócios da Kiss, Mauro Hoffmann, o Maurinho,\n e Elissandro Spohr, o Kiko, e o vocalista da banda Gurizada Fandangueira,\n Marcelo de Jesus dos Santos, e o roadie do grupo, Luciano Bonilha Leão. Eles\n são acusados por homicídios qualificados com dolo eventual (doloso) e\n tentativas de homicídio qualificado.
\n \n \n
COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias