Quarta-Feira, 7 de Maio de 2025
Geral
23/07/2012 09:00:00
Molécula pode ajudar no combate à tuberculose e ao câncer
Agora, pela primeira vez, os possíveis mecanismos de ação da droga foram descritos.

Terra/LD

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\n \n Em\n artigo recém-publicado na revista Infectious Agents and Cancer,\n pesquisadores brasileiros e norte-americanos demonstraram que um fármaco\n desenvolvido no Brasil e batizado de P-MAPA é capaz de ativar determinados\n receptores do sistema imunológico e favorecer o combate à tuberculose e ao\n câncer de bexiga.\n \n Estudos\n anteriores indicaram que a molécula, criada pela rede de pesquisa Farmabrasilis\n a partir do fungo Aspergillus oryzae, tem ação imunomoduladora, ou seja,\n estimula o sistema imune a combater diversos tipos de tumores e doenças\n infecciosas, entre elas malária, leishmaniose visceral e algumas viroses\n hemorrágicas.\n \n Agora,\n pela primeira vez, os possíveis mecanismos de ação da droga foram descritos. Testes\n in vitro com células humanas e experimentos em animais revelaram que o P-MAPA\n ativa receptores existentes na membrana celular conhecidos como toll-like.\n Além disso, em ratos, a droga modificou a expressão da proteína p-53,\n possivelmente relacionada à regulação dos receptores.\n \n "Os\n receptores toll-like são capazes de reconhecer fragmentos de vírus e\n bactérias, além de fatores moleculares associados a tumores ou a doenças\n infecciosas", explicou Wagner José Fávaro, professor do Instituto de\n Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).\n \n Esses\n receptores podem auxiliar na redução tumoral de duas maneiras: inibindo a\n formação dos vasos sanguíneos que irrigam a região e recrutando células de\n defesa para atacar o tumor.\n \n Segundo\n Fávaro, o P-MAPA - abreviação de agregado polimérico de\n fosfolinoleato-palmitoleato de magnésio e amônio proteico ¿ atua\n especificamente sobre os subtipos 2 e 4 dos receptores toll-like. De acordo com\n a literatura científica, esses subtipos estariam relacionados ao câncer de bexiga.\n \n "Ainda\n não se sabe com certeza se a resposta desencadeada por eles é favorável ou\n desfavorável. Podem atuar como reguladores negativos ou positivos da\n carcinogênese, mas nossos resultados indicam que a ativação dos receptores\n auxiliou na regressão do tumor", disse Fávaro.\n \n Os\n experimentos foram realizados em ratos. Os pesquisadores introduziram\n diretamente na bexiga dos animais o carcinógeno N-metil-N-nitrosoureia\n (composto N-nitroso) ¿ substância também existente no cigarro. Após oito\n semanas de exposição, os roedores já apresentavam lesões pré-malignas e\n malignas na bexiga urinária.\n \n "Esse\n modelo animal se aproxima muito do que acontece com humanos. fumantes e\n trabalhadores expostos a determinadas substâncias químicas inalam o N-nitroso e\n o excretam na urina. O contato do carcinógeno com o epitélio da bexiga, ao\n longo do tempo, acaba causando o câncer", explicou Fávaro.\n \n Os\n animais foram então tratados por outras oito semanas. O efeito do P-MAPA foi\n comparado com o da vacina BCG (sigla para Bacillus Calmette-Guerin), usada\n originalmente na prevenção da tuberculose e considerada atualmente a melhor\n opção para o controle do câncer de bexiga. "O principal tratamento para o\n câncer do tipo não-músculo invasivo, que apresenta lesões superficiais,\n consiste em remover cirurgicamente o tumor e aplicar a imunoterapia com a\n vacina BCG diretamente na bexiga", disse Fávaro.\n \n Descobriu-se\n na década de 1970 que a BCG induz uma resposta imune massiva, estimulando a\n produção de células que atacam o tumor. No experimento, os ratos tratados com a\n vacina, verificou-se uma redução de 20% a 30% no grau tumoral, mas os animais\n continuavam a apresentar lesões malignas.\n \n Já\n no grupo que recebeu o P-MAPA, a redução do grau tumoral foi de 90%. ¿Os\n animais deixaram de apresentar lesões malignas e pré-malignas, passando a\n apresentar apenas lesões inflamatórias¿, disse Fávaro.\n \n Outra\n vantagem do P-MAPA é a baixa ocorrência de efeitos adversos verificada em\n estudos com diversos tipos de animais. "A BCG é preparada com bacilos\n atenuados e, portanto, é contraindicada para pacientes com\n imunodeficiência", disse.\n \n Os\n efeitos colaterais, explicou o pesquisador, estão presentes em mais de 90% dos\n pacientes tratados com BCG e vão desde sintomas irritativos leves até reações\n alérgicas, instabilidade hemodinâmica e febre persistente. Nesses casos, o\n tratamento precisa ser suspenso. "Nos testes com animais, o P-MAPA mostrou\n resultados mais eficazes e com menores efeitos colaterais. Isso indica que pode\n se tornar um grande aliado no tratamento", destacou Fávaro.\n \n Com informações da Agência Fapesp\n \n \n \n \n
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