A\n instalação da ABBS (Agropecuária Brahman Beef Show), empresa \n agropecuária que comprou neste ano área no distrito de Porto Esperança, \n de Corumbá, cidade a 444 quilômetros de Campo Grande no pantanal \n sul-mato-grossense, continua trazendo transtornos a população \n ribeirinha. \n Moacir Saturnino de Lacerda, natural de Porto Esperança, relata que o \n distrito tem mais de 100 anos e que a empresa além de estar acabando com\n um lugar historicamente importante está obrigando os moradores a \n desocuparem seus terrenos. \n “Eles cercaram tudo e obrigam as pessoas a mudarem sua rotina. A cerca \n impede os moradores de ir ao comércio, os pescadores que sobrevivem do \n seu trabalho estão passando por dificuldade. A população está sendo \n hostilizada, impedida de circular normalmente,” ressalta Moacir \n Saturnino. \n Para Moacir a empresa não está se importando com os problemas que tem \n causado a população e ao meio ambiente. “Se fosse uma empresa séria se \n preocupava com a responsabilidade social. Estão destruindo um patrimônio\n histórico cultural.” \n O advogado Marco Antônio tem ajudado as comunidades e afirma que a cerca\n colocada em torno das casas está confinado os moradores e a presença \n constate de seguranças armados no local tem os amedrontado fazendo com \n que eles não denunciem o que vem acontecendo. \n Marco Antônio cita o caso da Senhora Formosina de 91 anos que há 59 anos\n mora em Porto Esperança e teve parte de seu canavial destruído. “Ela \n tira seu sustento desse canavial, faz toda a retirada da cana \n manualmente e vende o melado para sobreviver. Agora além de ter seu \n terreno invadido, precisa passar por debaixo da cerca para chegar a sua \n plantação”, diz o advogado. \n A reportagem tentou entrar em contato com a ABBS, mas não há registro de\n telefone na página da empresa na internet e no endereço registrado como\n sede da ABBS foi encontrado uma outra empresa. \n \n O caso\n A empresa ABBS Agropecuária é a nova possuidora da “Fazenda Triângulo”, \n cujas adjacências fazem divisa com o território da Comunidade \n Tradicional do Porto Esperança, à beira do Rio Paraguai. \n A empresa construiu cercas que impedem o acesso dos moradores a áreas \n de uso coletivo, como pequenas plantações - que foram destruídas -, \n áreas recreativas e à estrada que dá acesso à rodovia federal.