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10/03/2013 12:00:09
Problemas com a família antecedem o uso de drogas por crianças e adolescentes
Segundo Ana Regina, existem nas ruas crianças e adolescentes que trabalham, não se envolvem com drogas e têm consciência que elas causam problemas, pois têm uma base familiar que lhe serviu de exemplo.

Terra/AB

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\n \n Os problemas com a família antecedem o\n uso de drogas por crianças e adolescentes, a conclusão é de Ana Regina Noto,\n professora do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São\n Paulo (Unifesp) e coordenadora do Levantamento Nacional sobre o Consumo de\n Drogas Psicotrópicas entre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua, um\n estudo feito no ano de 2004, em 27 capitais. \n \n Segundo\n Ana Regina, existem nas ruas crianças e adolescentes que trabalham, não se\n envolvem com drogas e têm consciência que elas causam problemas, pois têm uma\n base familiar que lhe serviu de exemplo. “Temos o grupo de adolescentes que\n estão nas ruas, trabalhando, e que pegam esse dinheirinho e levam para suas\n casas e ajudam no sustento das famílias. Esses adolescentes estão usando o\n espaço das ruas, mas não se envolvem com o crack porque tiveram gerações\n anteriores que lhes serviram de exemplo. E eles sabem que se se envolverem com\n o crack, isso vai afetar o rendimento e o trabalho deles. Em geral, têm uma\n história de escola, alguns frequentam a escola, têm vínculos de família um\n pouco mais preservados. Já o menino que está na rua porque não teve mais\n condições de ficar com a família é o menino de rua”, explicou. \n \n Para\n a coordenadora, quando essas crianças e adolescentes passam a viver nas ruas,\n geralmente isso é resultado de sérios problemas na família. Durante o estudo\n que coordenou em todo o país, ela disse ter constatado que muitas vezes eles\n tentam voltar para o ambiente familiar. “Eles estão bem na rua? Não. Eles\n tentam voltar constantemente para casa. Mas o que ocorre é que eles voltam para\n casa esperando por uma família diferente. Mas eles vão encontrar exatamente\n aquela família com quem um dia tiveram dificuldade de convivência. E aí acabam\n voltando para a rua”, declarou. \n \n De\n acordo com Ana Regina, elas então começam a viver nas ruas, de fato, e ficam\n mais vulneráveis ao uso de drogas, entre elas, o crack. “A maior parte dessas\n histórias é muito triste, de relações com a família muito complicadas. Há desde\n os meninos cujos pais morreram, e ninguém quis ficar com eles, até aqueles que\n ficaram com a mãe, que assumiu outro relacionamento, e que não os aceita; e têm\n aqueles cujas famílias não conseguem dar conta por doenças relacionadas à saúde\n mental ou de violência São histórias que variam bastante, mas o que têm em\n comum são casos severos de que a família não deu conta de cuidar dessas\n crianças ou adolescentes”, disse. \n \n Com\n as relações com a família conturbadas, o espaço da rua acaba se tornando mais\n atrativo para a criança e o adolescente do que a própria, ressaltou a\n pesquisadora. “Na casa falta comida, afeto, segurança e uma série de carências.\n Então ele vai buscar, na rua, um espaço de convivência com outras crianças e\n adolescentes que estão em situação parecida, o que não rem em casa. Lá ele não\n apanha e é acolhido pelo grupo”, declarou. “O menino de rua tem perspectivas\n mais limitadas, uma outra perspectiva de rua e, portanto, ele tem menos motivos\n para não usar [drogas]. E a rua convida para o uso”, completou. \n \n Na\n avaliação da pesquisadora, um tratamento para essas crianças e adolescentes só\n teria sucesso se for acompanhado por um resgate de sua cidadania. “Como tratar\n o crack se você não oferecer alguma coisa além? A base do problema desse menino\n não é o crack, são os vínculos com a família, com a escola. Não adianta um\n tratamento focado no crack. Deve-se fazer um trabalho que envolva a família ou\n que dê condições para ele se desenvolver”, ressaltou. \n \n nbsp;\n \n \n \n \n
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