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Brasil
15/11/2025 09:04:00
Caso Elize Matsunaga: que fim levou carro utilizado para transportar corpo

UOL/PCS

Em meio ao sucesso da série "Tremembé", da Amazon Prime Video, que aumentou o interesse público sobre crimes de grande repercussão no Brasil, um detalhe curioso volta à tona: o que aconteceu com o carro que Elize Matsunaga usou para transportar partes do corpo de seu então marido, o empresário Marcos Matsunaga?

A resposta é tão surpreendente quanto a história do crime: o Mitsubishi Pajero TR4 2010 verde-escuro segue nas mãos da mesma empresa que o comprou no início de 2023, conforme noticiou esta coluna na época, mas está com o licenciamento vencido desde aquele ano.

Ou seja: o veículo não pode circular legalmente e, ainda assim, é mantido pelo atual proprietário.

Sombra do passado

Relembremos: esse é o mesmo TR4 que apareceu nas investigações de 2012, quando a perícia apontou vestígios de sangue humano no porta-malas, sinalizando seu papel central no crime que chocou o país. Na época, Elize transportou três malas com partes do corpo do marido por mais de 200 km. Foi parada em uma blitz porque o veículo estava com o licenciamento vencido - ironicamente, o mesmo status atual do carro.

Após anos parado em uma das coberturas do casal na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo, o Pajero foi um dos bens que ficou com Elize após seu acerto de contas com a Justiça. Em janeiro de 2023, foi reformado e vendido pelo valor de mercado (cerca de R$ 52 mil) a uma empresa, com apenas 10 mil km rodados. Procurada na época, procurada pela coluna, a gerência da estabelecimento se disse "espantada" ao descobrir a origem do veículo.

"O que eu posso dizer é que a gente não sabia que o carro pertencia a ela. O veículo foi comprado pelo valor de mercado, mas era uma boa oferta por conta da quilometragem. Era um bom carro, muito pouco rodado. A revenda disse apenas que ele passou muitos anos parado. Estou espantada com a notícia", disse a gerente da empresa, que preferiu não se identificar.

Agora, quase três anos depois da venda, o UOL Carros confirmou que o TR4 permanece com o mesmo dono, mas não está em dia com a documentação. O caso torna uma pergunta inevitável: até que ponto conhecemos o histórico de um carro usado?

No Brasil, não é incomum que veículos usados com histórico policial acabem revendidos sem que os novos donos saibam da origem.

Muitas vezes, só descobrem depois, como ocorreu nesse caso. Um alerta para consumidores que não gostariam de ter "surpresas" como essa: consultar históricos detalhados, como lista de antigos donos, checar débitos, e ficar atento a ofertas "boas demais para serem verdade" pode evitar sustos.

Elize, motorista de aplicativo?

O caso de Elize voltou a ganhar notoriedade com a exibição de "Tremembé", série baseada nos crimes de presos notórios da penitenciária do interior de São Paulo.

Elize é uma das figuras centrais da trama, interpretada por Karine Teles, e tem sua história reconstruída em detalhes - inclusive a cena em que carrega o corpo no TR4.

A produção ocupa o primeiro lugar entre as mais assistidas do Prime Video no Brasil desde sua estreia e resgatou a curiosidade do público por casos como o dela, de Suzane von Richthofen e do casal Nardoni.

Com o sucesso da série, viralizou, recentemente, uma publicação de um passageiro que afirmou ter feito uma corrida por aplicativo com Elize como motorista.

De fato, quando teve sua liberdade condicional aprovada, ela chegou a trabalhar como motorista de aplicativo. Em 2023, a coluna confirmou com o aplicativo Maxim que a ex-presidiária estava cadastrada na plataforma.

No entanto, segundo o advogado Luciano Santoro afirmou ao Estadão, o trabalho durou apenas uma semana. Não foi possível continuar por causa da exposição, já que a nova profissão de Elize foi divulgada pela imprensa e muitos passageiros demonstraram temor à ideia.

Esta coluna tentou contato com Santoro, mas não obteve retorno. Atualmente, assim como Suzane Von Richthofen.

Elize estaria trabalhando com costura, ofício que aprendeu durante a sua pena em Tremembé. Ela segue em liberdade condicional e tenta reconstruir a vida longe dos holofotes.