Brasil
05/04/2014 09:55:46
Erro em pesquisa foi "grotesco", avalia ex-diretor do Ipea
Quem também lamentou o erro cometido e revelado pelo instituto foi a deputada estadual Aspásia Camargo (PV-RJ), que presidiu o Ipea entre 1993 e 1995
Terra/AB
Ex-diretores do Instituto de Pesquisa\n Econômica Aplicada (Ipea) e especialistas em pesquisas de opinião deram duros\n vereditos sobre o equívoco na divulgação dos resultados da polêmica pesquisa\n sobre violência contra a mulher no qual 65% das pessoas entrevistadas\n afirmavam que mulheres com roupas curtas merecem ser estupradas. Para Edson\n Nunes, que foi vice-presidente executivo do órgão entre 1985 e 1994, o Ipea\n pode ter cometido esse erro grotesco e banal porque trabalhou fora de seu\n foco. "É lamentável. Uma pesquisa desse tipo tem que passar por muitas\n mãos e ser fartamente revista antes de ser divulgada. (...) A respeitabilidade\n do Ipea sofre muito com essa falha. Depois, que esse erro tem muito a ver com o\n trabalho em si. O Ipea não tem a tradição de fazer pesquisas de opinião. (...)\n O Ipea trabalha com dados econômicos e parece que está fora de seu foco",\n avaliou. As informações são do jornal O Globo. \n \n Quem também lamentou\n o erro cometido e revelado pelo instituto foi a deputada estadual Aspásia\n Camargo (PV-RJ), que presidiu o Ipea entre 1993 e 1995. "Certamente o que\n aconteceu ali foi um misto de cansaço, com a existência de equipes pequenas,\n trabalhando sobre coisas muito complexas. Para mim, faltou um leitor externo\n que pedisse aos pesquisadores mais certeza sobre suas conclusões",\n ponderou. \n \n O sociólogo Simon\n Schwartzman, que foi presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística\n (IBGE) entre 1994 e 1998, valorizou o fato do Ipea ter reconhecido publicamente\n sua falha. "É importante que o instituto venha a público corrigir seu\n erro. Isso é para elogiar. Mas tem uma outra questão no ar: o instituto é da\n área econômica, e o tema da pesquisa é das ciências sociais. Isso quer dizer\n que o pessoal do Ipea não estava dentro da competência deles", alegou. Já\n o economista Sérgio Besserman, que também presidiu o IBGE, não acredita que o\n erro afete a imagem do Ipea. Para ele, o importante é reconhecer o erro com\n transparência e aproveitar a oportunidade para rever protocolos internos.