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Brasil
04/10/2013 09:00:00
Justiça decreta prisão preventiva de PMs suspeitos de matar Amarildo
Ajudante de pedreiro desapareceu no dia 14 de julho, na Rocinha. PMs vão responder por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver.

G1/PCS

\n \t O juízo da 35ª Vara Criminal da Capital, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), aceitou a denúncia e decretou nesta sexta-feira (4) a prisão \n preventiva dos 10 policiais militares suspeitos de torturar e matar o \n ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, na Favela da Rocinha, Zona Sul \n do Rio. Amarildo de Souza desapareceu no dia 14 de julho, após ser \n levado à sede da UPP da Rocinha.\n \n \t Os suspeitos vão responder judicialmente pelos crimes de tortura \n seguida de morte e ocultação de cadáver. São eles: Edson dos Santos, \n Luiz Felipe de Medeiros, Jairo da Conceição Ribas, Douglas Roberto Vital\n Machado, Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Victor \n Vinícius Pereira da Silva, Anderson César Soares Maia, Wellington \n Tavares da Silva e Fábio Brasil da Rocha.\n \t Segundo o advogado Marcos Espínola, que defende quatro PMs envolvidos, \n seus clientes já se apresentaram ao quartel-general da polícia. São \n eles: Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Victor Vinícius \n Pereira da Silva e Douglas Roberto Vital Machado.\n \n \t Ainda não há informações sobre os outros seis, Edson dos Santos, Luiz \n Felipe de Medeiros, Jairo da Conceição Ribas, Anderson César Soares \n Maia, Wellington Tavares da Silva e Fábio Brasil da Rocha.\n \n \t Comandante transfere policiais
\n \t Os policiais militares indiciados pelo desaparecimento do ajudante de \n pedreiro serão transferidos para a Diretoria Geral de Pessoal (DGP) – a \n "geladeira" da PM, sem função e gratificação. O pedido foi feito pelo \n comandante-geral da corporação, coronel Luís Castro. A informação foi \n confirmada ao G1 pela polícia.\n \n \t Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, os militares \n continuavam lotados na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha,\n na Zona Sul do Rio, na manhã desta sexta-feira (4), porque a \n transferência depende de publicação em boletim oficial da corporação.\n \n \t O Ministério Público do Rio de Janeiro recebeu na noite de terça (1º) o\n inqúerito da Divisão de Homicídios, que indiciou 10 policiais militares\n da UPP Rocinha, incluindo o major Edson Santos, ex-comandante da UPP da\n Rocinha, pelo desaparecimento de Amarildo. A informação foi dada com \n exclusividade pelo Jornal Nacional.\n \n \t Todos foram indiciados pelos crimes de tortura seguida de morte e \n ocultação de cadáver. Eles serão encaminhados para a Diretoria Geral de \n Pessoal (DGP),sem função e gratificação, e passarão por um Inquérito \n Policial Militar (IPM), de acordo com a Coordenadoria de Polícia \n Pacificadora.\n \n \t Os policiais negam envolvimento no sumiço e dizem que liberaram \n Amarildo, no dia14 de julho, depois de constatar que não havia qualquer \n mandado de prisão contra ele. O promotor Homero Freitas, que está a \n frente do caso, informou que deve oferecer a denúncia à Justiça nos \n próximos dias.

Testemunhas deixam Rio
\n \t A terceira testemunha do caso Amarildo incluída no Programa Nacional de\n Proteção à Testemunha deixou o Rio de Janeironesta quinta-feira (3). De\n acordo com a polícia, ela é uma ex-moradora da Rocinha, na Zona Sul do \n Rio, que atuava como informante dos policiais da Unidade de Polícia \n Pacificadora (UPP) da comunidade e temia ser morta tanto por PMs quanto \n por traficantes. E afirmou o ajudante de pedreiro, desaparecido desde 14\n de julho, tinha ligações com o tráfico.\n \n \t Segundo a polícia, em seu depoimento na Divisão de Homicídios (DH), ela\n contou que Amarildo de Souza chegava a guardar chaves de casas usadas \n como esconderijo de armas e drogas. E admitiu ter avisado os policiais \n sobre a localização do ajudante de pedreiro no dia em que ele \n desapareceu.\n \n \t Em setembro, mãe e filho, também moradores da Rocinha, já tinham sido \n retirados da cidade pela Polícia Federal. No primeiro depoimento, eles \n disseram que traficantes mataram Amarildo. No entanto, um mês depois, as\n testemunhas afirmaram ter sido coagidas pelo então comandante da UPP, \n Major Edson Santos, a dar essa versão em troca de dinheiro.

Entenda o caso
\n \t Amarildo sumiu após ser levado à sede da UPP da Rocinha, onde passou \n por uma averiguação. Após esse processo, segundo a versão dos PMs que \n estavam com Amarildo no dia 14 de julho, eles ainda passaram por vários \n pontos da cidade do Rio antes de voltarem à sede da Unidade de Polícia \n Pacificadora, onde as câmeras de segurança mostram as últimas imagens de\n Amarildo, que, segundo os policiais, teria deixado o local sozinho.\n \n \t Na sexta-feira (27), uma ossada achada em Resende, no Sul Fluminense, \n passou por uma necrópsia, motivada pelas suspeitas de que poderia ser de\n Amarildo. O relatório, porém, foi considerado inconclusivo, e a ossada \n será novamente analisada no Rio de Janeiro. O resultado deve sair entre \n 10 e 15 dias.\n \n \t Reconstituição
\n \t O delegado Rivaldo Barbosa, acompanhado por peritos, fez a reconstituição do caso em duas etapas.\n \n \t A primeira etapa, no início de setembro, reproduziu as ações desde a \n primeira abordagem dos policiais da UPP ao ajudante de pedreiro. A \n reconstituição durou mais de 16 horas, entre a noite de domingo (1º) e a\n manhã de segunda-feira (2), e foi considerada uma das maiores \n reconstituições já feitas pela Polícia Civil, segundo informou a \n assessoria da corporação.\n \n \t A segunda, no dia 8 de setembro, refez o trajeto do carro da PM que \n levou Amarildo, com base no GPS do veículo. O aparelho mostrou que \n depois de deixar a Rocinha, o carro fez um percurso de quase 2h30 pela \n cidade. No caminho, o veículo parou três vezes antes de voltar à \n comunidade.