Brasil
25/03/2013 11:16:06
Justiça federal acata denúncia de exploração sexual na Usina de Belo Monte
Durante as duas operações policiais, 15 mulheres e uma travesti provenientes de outros estados foram encontradas em condições que indicavam serem vítimas de exploração sexual
Agência Brasil/AB
\n \n A Justiça Federal de Altamira (PA)\n decidiu acatar denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra seis pessoas\n acusadas de envolvimento com suposto esquema de exploração sexual de mulheres e\n adolescentes na região das obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio\n Xingu, estado do Pará. \n \n O\n procedimento para apurar as denúncias decorrentes de duas operações policiais\n contra a exploração sexual, deflagradas no dia 13 de fevereiro, foi instaurada\n na última sexta-feira (22), a pedido do MPF. A denúncia foi recebida pelo juiz\n federal Marcelo Honorato. \n \n Segundo\n a denúncia do MPF, Claci de Fátima Morais da Silva, Adão Rodrigues, Solide\n Fátima Triques, Moacir Chaves, Carlos Fabrício Pinheiro e Adriano Cansan tinham\n ligações com a Boate Xingu, que funcionava próxima a um dos três canteiros de\n obras da usina. Ainda de acordo com o MPF, Claci era a dona de uma boate em\n Santa Catarina onde, com o apoio de Moacir Chaves, aliciava mulheres com a\n promessa de que elas ganhariam até R$ 1 mil por dia trabalhando na barragem. \n \n As\n vítimas do esquema eram então levadas de van para Altamira, uma viagem de cerca\n de 4 mil quilômetros. Ao chegarem na Boate Xingu, eram recebidas pelo acusado\n Adão Rodrigues, que é apontado na denúncia como proprietário do estabelecimento\n e mentor do grupo criminoso, e pela mulher dele, Solide Fátima Triques. As\n jovens eram então acomodadas em quartos precários, alguns com trancas do lado\n de fora. Pinheiro, gerente da boate, e Cansan, que atuava como garçom e\n segurança, eram os responsáveis por vigiá-las e impedir que deixassem o local. \n \n Durante\n as duas operações policiais, 15 mulheres e uma travesti provenientes de outros\n estados foram encontradas em condições que indicavam serem vítimas de\n exploração sexual. A ação policial teve início depois que uma menor de idade\n conseguiu fugir de uma boate da região e denunciou que vinha sendo mantida em\n cárcere privado e obrigada a se prostituir. A garota foi incluída no Programa\n de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte. \n \n Ela\n [a menor] relatou que era mantida presa e que veio do Rio Grande do Sul com a\n promessa de trabalho bem remunerado. Após chegar à cidade, foi ameaçada,\n agredida e obrigada a se prostituir, informou, na ocasião, o coordenador da\n operação, delegado Cristiano Nascimento, revelando a Agência Brasil que as 12\n mulheres libertadas durante a segunda operação confirmaram ser obrigadas a se\n prostituir por pessoas armadas que as vigiavam. \n \n O\n caso chegou a ser conduzido pela Justiça paraense, mas o juiz estadual\n responsável declinou da competência, ou seja, abriu mão de julgar o assunto já\n que as acusações envolvem indícios de trabalho escravo, crime que compete à\n Justiça federal julgar. O MPF instaurou uma investigação separada para apurar a\n denúncia de que a exploração sexual ocorria dentro da área declarada de\n utilidade pública pelo governo federal para a construção da usina hidrelétrica.\n \n \n \n \n \n