Correio do Estado/AB
Resgate do traficante Mário Márcio Oliveira dos Santos, de 31 anos, ocorrido em plena manhã de ontem em hospital de Campo Grande, de maneira audaciosa, expôs a estrutura frágil com que policiais militares atuam diariamente no serviço de guarda e escolta de presidiários.
Apontado por autoridades como integrante da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), Mário Márcio era escoltado por apenas dois homens da segurança pública. Os policias foram dominados e imobilizados por quatro criminosos fortemente armados que fugiram levando junto o traficante. Toda a ação que pareceu cena de filme durou cerca de cinco minutos e aconteceu por volta das 7h30min, no Hospital Adventista do Pênfigo, na Avenida Gunter Hans, na saída para Sidrolândia.
De acordo com militar que temendo represálias preferiu o anonimato, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) não comunica formalmente grupos de guarda e escolta sobre a periculosidade de presos a serem transportados. “Não recebemos nenhum documento informando a natureza dos crimes que cometeram. O que sabemos é de boca. Quando o detento é entregue o agente avisa informalmente para o policial tomar cuidado”, citou.
Na avaliação do militar, deveriam existir regras. “Falta efetivo, faltam armas, viaturas estão sucateadas. Policiais se viram como podem. Fazem o trabalho com o que tem. Deveria ter doutrina. O correto em escolta é o carro que leva o preso ser acompanhado por outra viatura, com pessoas capacitadas para reagir se houver necessidade. Além disso, enquanto dois policiais levam o preso para o atendimento, outro tem que ficar posicionado estrategicamente com fuzil. Mas, infelizmente, nossa realidade é outra”, pontuo.
No caso do presidiário Mário Márcio, que cumpria pena na Máxima pela condenação de 22 anos de prisão por tráfico e estelionato, apenas dois policiais o acompanharam. Um terceiro estava na viatura fazendo sozinho a guarda de outro preso e esperava os colegas retornarem do atendimento, aponta denúncia.
PARTICULAR
O traficante foi levado para o Hospital Adventista para consulta particular, cujo pagamento foi feito pela família, de acordo com o diretor da Agepen, Ailton Stropa que garante que o transporte ocorreu em sigilo. “A família fez o agendamento da consulta que era para ser hoje. Mas, por medida de segurança, adiantamos para ontem. Nunca cumprimos as datas levadas por familiares. O preso também não é avisado sobre o dia da consulta e é retirado da cela já para ser levado ao hospital”, explicou.
Ainda não se sabe como souberam da saída do criminoso, mas comparsas o resgataram ontem, de dentro da unidade hospitalar. O carro usado pelo grupo, um Corolla, foi encontrado abandonado na saída para Sidrolândia, a poucos metros do hospital. No entanto, nenhum envolvido no caso foi preso até o momento.