Sheila Forato
Você já ouviu falar em ‘presente de grego’? Então, é isso que o governo do Estado quer dar à Coxim. Em entrevista à rádio Vale 102 FM de Coxim, na manhã desta quinta-feira (2), o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, disse que para o governo habilitar leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) no Hospital Regional Álvaro Fontoura quem tem de comprar os equipamentos é a Prefeitura.
A entrevista à rádio de Coxim aconteceu depois que o Edição MS publicou a reportagem Governo de Reinaldo Azambuja abandona Coxim e não monta leitos de UTI no Hospital Regional
Resende insinuou que faltou interesse por parte de Coxim. Ele chegou a dizer que até o anúncio dos novos leitos em oito municípios devido a pandemia de Coronavírus (Covid-19), na tarde de quarta-feira (1º), a Prefeitura não tinha respondido positivamente sobre o interesse. Entretanto, o prefeito de Coxim, Aluizio São José (PSB), ouvido logo em seguida pelo mesmo programa de rádio, desmentiu a falta de interesse e disse que tem, inclusive, documentos.
Como se não bastasse, o vereador Abilio Vaneli (PT) postou no Facebook uma indicação da Câmara de Coxim ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB), ao secretário de Saúde Geraldo Resende e ao presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Correa, solicitando cinco leitos de UTI para o Hospital Regional Álvaro Fontoura, com data anterior ao anúncio dos municípios que seriam contemplados com os novos leitos.
Junto com o secretário de Saúde de Coxim, Franciel Oliveira, o prefeito informou que o município vem tratando de várias demandas com o governo do Estado há pelo menos três semanas, inclusive sobre implantação de leitos de UTI. “Mas as informações são superficiais e imprecisas. Se for para montar desse jeito, em vez de solução acabamos criando problemas para o hospital”, ponderou Aluizio.
Segundo o prefeito, nunca foi estabelecido pelo governo do Estado as responsabilidades de cada esfera. “O Estado quer que a Prefeitura compre os equipamentos, estamos falando de R$ 500 mil. O município tem esse recurso? Tem como viabilizar? O Estado pode ajudar? Os equipamentos estão disponíveis para venda?”, foram questionamentos feitos no ar por Aluizio para que a população entenda a imprecisão da situação.
Franciel afirmou que o Hospital Regional Álvaro Fontoura já tem um espaço que vem sendo adaptado para receber leitos de UTIs, climatizado, com leitos comuns e oxigênio. O problema está na falta de um projeto por parte do Estado para essa habilitação. “Nós temos dois enfermeiros habilitados para trabalhar na área, mas e o médico intensivista, quem vai arcar com o custo, mais uma pergunta que precisa ser respondida pelo Estado”, exemplificou o secretário de Coxim.
Depois dos leitos instalados, o governo do Estado promete arcar com o custo dos leitos. Cada leito custa, em média, R$ 2,5 mil. Numa conta rápida, o custo operacional desses leitos seria de aproximadamente R$ 375 mil ao mês. De acordo com o prefeito de Coxim, as contas não batem. “Eles falam que os governos Federal e Estadual custeiam R$ 1,6 mil. E a diferença? Multiplica isso por leito, por dia e por meses. Passamos rápido da cifra de R$ 1 milhão em dívidas”, calculou.
“Aí o secretário vem aqui dizer que estamos politizando a situação. Não temos motivo para isso. Não sou candidato a nada, meu segundo mandato acaba em 31 de dezembro. Estamos trabalhando incansavelmente para proteger vidas, inclusive sou do grupo de risco e estou na batalha diária, fazendo o que me é devido”, finalizou Aluizio, que é asmático.
Ele disse que vai manter o diálogo com o Estado e se tiver um projeto, com todas as atribuições e responsabilidades definidas, a Prefeitura vai trabalhar para viabilizar a compra dos equipamentos. Por outro lado, o prefeito deixou claro que ele seria irresponsável de assumir tamanho compromisso sem garantias, no famoso faz que depois a gente vê como fica, ou ‘oba oba’ como preferir.