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Educação
22/05/2012 08:13:06
Índice de abandono escolar é três vezes maior no 6º ano do ensino fundamental
Nas primeiras séries do ensino fundamental (1° ao 5 ano), apenas 1,5% das crianças abandona a escola ao longo do ano letivo. Mas o cenário começa a mudar a partir do 6° ano, quando a taxa de abandono atinge 4,6% dos alunos - três vezes mais do que a verificada nos anos iniciais da etapa.

Agência Brasil/LD

\n \n Nas primeiras séries do ensino fundamental (1° ao 5 ano), apenas\n 1,5% das crianças abandona a escola ao longo do ano letivo. Mas o cenário\n começa a mudar a partir do 6° ano, quando a taxa de abandono atinge 4,6% dos\n alunos - três vezes mais do que a verificada nos anos iniciais da etapa. As\n taxas de rendimento escolar, divulgadas na última semana pelo Instituto\n Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), revelam que a “porta de\n saída” da escola se abre logo no início do segundo ciclo do ensino fundamental\n e o problema cresce à medida que os anos seguem, atingindo um pico no ensino\n médio. \n \n Os dados apontam que o abandono é um problema quase residual\n quando a criança está iniciando sua trajetória escolar, com uma taxa que varia\n entre 1,4% e 1,7% entre o 1° e o 5° ano do ensino fundamental. É no segundo\n ciclo que começa a crescer. O índice mais alto foi registrado no 6° ano (4,6%),\n caindo para 4,3% no 9º ano, última série da etapa. No ensino médio o problema\n persiste, com uma taxa média de abandono de 9,6%. O abandono se caracteriza\n quando o aluno deixa de frequentar as aulas e “perde” o ano, diferentemente da\n evasão que ocorre quando ele abandona os estudos e não retorna no ano seguinte.\n \n \n Segundo a diretora executiva do Movimento Todos pela Educação,\n Priscila Cruz, o segundo ciclo do ensino fundamental não é foco nem das\n políticas nem dos pesquisadores que estudam os problemas do sistema escolar\n brasileiro. Ela avalia que a rotina do aluno passa por uma grande mudança\n quando ele entra no 6° ano: mais disciplinas compõem o currículo e o conteúdo\n se torna mais complexo. Por volta dos 12 anos, o jovem passa a conviver com\n mais professores de diferentes disciplinas, em oposição ao modelo anterior em\n que apenas um ou dois profissionais cuidavam de todos os conteúdos. Esses\n fatores podem explicar o aumento da taxa de abandono. \n \n “O segundo ciclo do ensino fundamental é o mais esquecido de toda\n a política educacional, raramente há programas para esSa etapa. O foco, em\n geral, está nos primeiros anos do ensino fundamental que tem uma missão muito\n clara que é a da alfabetização. No segundo ciclo, o aluno começa a ter aulas\n com vários professores e o conteúdo fica mais complexo. Se ele não tiver uma\n base muito boa se perde nessa nova etapa”, avalia.\n \n A incidência maior do abandono no segundo ciclo do ensino\n fundamental pode estar associada à reprovação – que começa a crescer a partir\n do 3º ano e atinge um pico no 6°. Para o Ministério da Educação (MEC), as\n “taxas de insucesso”, como a de abandono, “aumentam em sincronia com o acúmulo\n de fracassos experimentados ao longo da trajetória escolar. Naturalmente,\n alunos que experimentam sucessivos fracassos tendem a ter mais dificuldades na\n sua trajetória escolar, que se refletem no desestímulo ao longo do ano letivo”,\n respondeu a pasta por meio de nota. \n \n Priscila aponta que não só as taxas de reprovação e abandono são\n maiores no segundo ciclo do ensino fundamental. Os indicadores de qualidade, como\n o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), também registram piores\n resultados nessa fase. Para ela, isso é sinal de que as políticas educacionais\n deveriam prestar mais atenção às séries do 6º ao 9° ano, que coincidem com um\n período de mudança na vida do aluno, dos 11 aos 14 anos de idade. \n \n “Na segunda etapa do ensino fundamental, o aluno não é nem a\n criança do primeiro ciclo, que está aprendendo a ler, nem o jovem do ensino\n médio, que está se preparando para o mercado de trabalho. Falta uma identidade.\n Precisamos de projeto que olhe para esse meio porque a trajetória escolar é\n cumulativa. É preciso cuidar de todas as séries”, pondera. \n \n \n \n \n