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Educação
14/09/2023 14:24:00
Menina de 6 anos autista deixa de frequentar escola por falta de professores auxiliares em Campo Grande

G1MS/LD

A pequena Vitória Vaz Dias, de 6 anos, foi diagnosticada com grau severo de transtorno do espectro autista (TEA). Além das dificuldades de socialização que distúrbio já lhe causa, a criança vem enfrentando problemas para ter acesso a um direito básico: o da educação. Há cerca de dois meses, não frequenta a escola por falta de um professor auxiliar.

A mãe dela, Thais do Amaral Selias Vaz, explicou que desde julho, a Auxiliar Pedagógica Especializada (AEI) que atendia Vitória na escola municipal Prof. Ione Catarina Gianotti Igydio saiu da unidade. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (Semed), os contratos dos profissionais que atuavam lá venceram e, por isso, não puderam continuar acompanhando os alunos da Educação Especial.

A Semed alegou ainda que está providenciando novos profissionais, mas que é necessário seguir a lista de candidatos e respeitar os trâmites legais impostos pelo processo seletivo que atende orientações do Ministério Público e do Tribunal de Contas, "no intuito de dar transparência, impessoalidade, moralidade, legalidade, publicidade e eficiência na convocação dos profissionais".

Thais apontou, no entanto, que a adaptação de uma criança autista com um novo professor é demorada e em dezembro acaba o ano escolar.

"Minha filha tem problema em socialização, trocas são muito difíceis pra ela. Eu fiquei muito depressiva até ela conseguir se adaptar. Desde o início muitas trocas de profissionais, porque ela não conseguia se adaptar, crises fortes demais. Até que ela conseguiu se adaptar com uma professora, estava maravilhosa bem! Até vim as férias de julho e do nada trocarem as professoras. Foi mandada uma professora pra ela, mas do nada ela saiu da escola e até agora não veio outra", relatou Thais.

Sem um auxiliar, Vitória tem crises de choro e grito durante as aulas, e por isso, a mãe prefere ficar com ela em casa enquanto não há instrução adequada na escola.

"Ela está só em casa, sendo estimulada por mim, porque se eu for levar ela na escola sem um profissional adequado pra ela e somente pra ela, ninguém da conta. Até mesmo atrapalha os coleguinhas em casa. Então opto por deixar em casa e estimular ela", ressaltou Thais.

"Digo chorando pra você, pois é muito difícil. Aos olhos de quem não tem nenhum familiar com TEA, é difícil de entender. Mas muitas mães são solteiras e dependem apenas de uma ajuda da escola pra poder apenas ganhar um ganha pão", completou.

A alternativa encontrada pela mãe é ensinar sozinha a filha em casa. Thais pega os livros da biblioteca da escola, recorta atividades e as resolve com Vitória no caderno. "Mas como eu sempre falo, nem todas as mães conseguem fazer isso", disse.

Problema antigo

Desde abril, a TV Morena acompanha a dificuldade dos pais com filhos TEA em conseguir um profissional para auxiliar os filhos nas escolas.

Algumas famílias chegaram a entrar na Justiça pedindo a manutenção dos profissionais e para evitar a troca dos professores auxiliares, mas os pedidos foram negados.

A doutora em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Fabiany de Cássia Tavares Silva, afirmou que a troca dos profissionais no meio do ano letivo pode trazer dificuldades de adaptação e atrasos aos estudantes.

Uma das soluções apontadas pela profissional, é contratar os auxiliares por meio de concurso público.

"Uma equipe concursada que possa ter um período mais extenso acompanhando essas crianças e dando a oportunidade de, na eventualidade de uma troca, fazer um rito de passagem para que ele possa manter sua rotina", afirmou.

Confira:

Confira a nota da Semed na íntegra:

A Secretaria Municipal de Educação informa que os alunos público da educação especial da REME, estão sendo atendidos conforme a demanda, em caso de desistência dos profissionais ocorre a reposição no início de cada mês.

Importante esclarecer que a aluna em questão estava sendo atendida por uma profissional de apoio, porém a referida profissional desistiu da função.

A Semed ressalta que novos profissionais serão enviados para a unidade no início do próximo mês.