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A vitória por 2 a 0 sobre a Venezuela, no Maracanã, foi a melhor atuação da Argentina nesta Copa América. O suficiente para botar medo no Brasil ou despontar como favorita no clássico? Não, nem de longe, mas o bastante para deixar a Seleção atenta e indicar caminhos para o enorme jogo de terça-feira, no Mineirão, valendo vaga na final.
A formação com três atacantes, tendo Messi um pouco atrás de Lautaro Martínez e Agüero, voltou a funcionar, assim como já havia sido na primeira vez em que foi utilizada, contra o Catar. A diferença em relação ao duelo do último domingo é que a Argentina esteve sempre no controle do jogo, mesmo no segundo tempo, quando teve menos posse de bola.
Tal evolução só foi possível graças a ajustes na defesa, sobretudo pelo lado direito, por onde saíram os três gols sofridos pela seleção nesta Copa América. O técnico Lionel Scaloni começou a Copa América com Saravia como titular da lateral, optou pela entrada de Casco no segundo jogo e voltou atrás no terceiro. Mas foi o jovem zagueiro Foyth, improvisado, quem se saiu melhor por ali.
Diante do Brasil, que tem na velocidade e nos dribles de Everton Cebolinha algumas de suas maiores armas ofensivas, é bem provável que Scaloni mantenha Foyth pelo setor.
O gol de Lautaro Martínez (que jogador!) logo no começo do jogo obrigou a Venezuela a mudar de estratégia e facilitou as coisas para a Argentina, que recuou, ficou menos com a bola, mas não conseguiu encaixar contra-ataques para ampliar o placar.
Intensa e sem deixar o adversário respirar, a seleção alviceleste sofreu seus maiores sustos em jogadas aéreas, um dos problemas dessa equipe.
O meio de campo, novamente com mudanças, também cresceu. Muito disso graças às entregas de Acuña e De Paul e ao talento de Paredes, que além de se desdobrar na marcação ofereceu qualidade à saída de bola. No início do segundo tempo ele deu um lançamento magistral para Lautaro Martínez, que mandou na trave.
Mais forte coletivamente, a Argentina nem mesmo precisou de Messi. Bem marcado, o craque tentou alguns passes de primeira, arriscou uma arrancada ou outra, mas parou nos defensores venezuelanos e no gramado do Maracanã. Depois da partida, o craque admitiu que não faz sua melhor Copa América.
Porém, se quiser chegar à sua terceira final consecutiva do torneio, a seleção precisará de seu camisa 10 mais participativo. Não se trata de confiar que Messi resolverá tudo sozinho, mas de entender que será necessário muito mais aproximação e mobilidade entre os homens da frente para furar a defesa brasileira, que segue intransponível após quatro jogos na Copa América.
Bem mais fraca tecnicamente, a Venezuela ainda foi a campo com a defesa desfalcada.
Se por um lado Lionel Scaloni merece elogios pelos acertos na escalação – a 13ª utilizada por ele em 13 jogos no comando da seleção – por outro mais uma vez ele mexeu mal. Lautaro Martínez era o melhor em campo quando saiu para a entrada de Di María, que não esteve em grande jornada novamente. A torcida percebeu o erro e vaiou a substituição.
No 14º e mais importante jogo de sua curta carreira como treinador, é possível que Scaloni mantenha o time, mas com algumas mudanças de posicionamento. Embora Agüero e Lautaro Martínez não tenham a marcação como característica, os atacantes precisarão voltar ainda mais para ajudar na recomposição defensiva, para evitar que o Brasil tenha vantagem numérica de jogadores no meio de campo.
A seleção brasileira jogou mais nos quatro jogos da Copa América, tem grupo mais entrosado e modelo de jogo já definido, enquanto a Argentina ainda tenta se encontrar em meio à troca de gerações de jogadores. Mesmo assim, a seleção alviceleste chegará embalada para o jogo de terça e com um camisa 10 que pode causar estragos caso desperte.