\n \n Do\n dia em que Sônia Mara Marques de Souza, 50 anos, descobriu um papelote de\n maconha na mochila do filho até o dia em que ela juntou forças e disse a ele:\n “ou você se tratava ou vai ter que ir embora de casa”, foram 8 anos de luta\n contra o vício.\n \n Na\n reportagem de hoje, o CGNewsnbsp;\n conta a história de mais uma família que quase foi devastada pelas drogas. A\n dor e a coragem de uma mãe que viu o filho ser consumido pelo crack e o arrependimento\n de um rapaz que perdeu a juventude para o vício.\n \n Erick Vinícius Marques de Souza Pedroso,\n hoje com 29 anos, começou a fumar maconha quando ainda tinha 13 anos, em um\n baile de carnaval que foi junto com os pais, em Dourados. “Ele me disse que\n experimentou por curiosidade, junto com um amigo da escola”, lembra Sônia.\n \n Embora ela confesse que não conhecia nem as\n drogas e nem como as pessoas ficavamm após o consumo, Sônia conhecia muito bem\n o filho, e foi o que bastou para perceber que ele andava com o comportamento\n diferente. “O desempenho na escola caiu e ele começou a andar com uns garotos\n que eu não conhecia”, conta.\n \n A\n maconha foi um trampolim para drogas mais fortes. Sônia diz que não sabe ao\n certo quando o filho passou a usar outros entorpecentes, mas lembra que quando\n ele estava com 16 anos, ela perdeu o controle da situação. “Passei muitas\n noites atrás dele, preocupada, aflita”.\n \n “Já\n usei de tudo, só não tive coragem de injetar”, conta Erick, que de repente viu\n a vida escapar no vão de seus dedos, como quem dorme na sessão do cinema e\n perde um bom pedaço do filme. “Foi um tempo que eu só vivi para as drogas, ou\n usando, ou indo atrás... Quando me dei conta do meu estado físico, já era\n tarde”.\n \n No\n ápice do desespero de ver o filho se afundar mais a cada dia, Sônia resolveu\n buscar ajuda primeiro para ela. E a estratégia deu certo. “Procurei o grupo\n ‘Amor Exigente’, que me explicou o que estava acontecendo e me orientou como eu\n deveria agir com o Erick”, lembra.\n \n Foi\n então que Sônia juntou dentro dela toda a força que tinha e chamou Erick para\n uma conversa definitiva. “Eu disse que era para ele se arrumar, pois no outro\n dia cedo a gente iria para Campo Grande para interná-lo”, conta.\n \n Sônia\n se lembra como se fosse ontem da reação do filho. “A primeira atitude dele foi\n negar que precisava de ajuda, mas depois ele aceitou ir”. Naquela noite, Sônia\n conta que Erick pediu a ela para se despedir dos amigos. “Eu deixei, mesmo\n sabendo que ele iria se drogar”.\n \n Na\n manhã seguinte, como o combinado, Sônia bateu cedinho na porta do quarto do\n filho. E então veio a resposta que ela menos queria ouvir. Erick disse que\n tinha mudado de ideia e que não queria mais ir para a clínica. Mais uma vez\n Sônia juntou suas forças e disse ao rapaz, na época com 22 anos, que na casa\n dela não havia mais lugar para ele com a vida que estava levando.\n \n “Abri\n o portão de casa para o meu filho ir embora e ele foi”, conta Sônia, com as\n lágrimas lavando o rosto ao lembrar quão difícil foi fazer uma aposta tão cara,\n ao abrir o portão e deixar o próprio filho ir, mas presa à esperança de que ele\n iria voltar.\n \n Ela\n lembra que Erick saiu de casa com a roupa do corpo e um travesseiro. “Na noite\n anterior eu limpei o guarda-roupa dele, as roupas que não estavam na mala,\n dentro do porta-malas do carro, estavam escondidas no meu quarto. Ele não tinha\n opção”, diz Sônia.\n \n E coração de\n mãe não se engana. Algumas horas depois, lá estava Erick, tocando a campainha e\n dizendo que aceitava o tratamento. De Dourados, a família mais do que depressa\n pegou estrada rumo a Campo Grande.\n \n Mais uma\n vez, Sônia deixou escorrer as lágrimas, ao recordar do dia que deixou o filho\n na porta da clínica, com fé de que de lá sairia um novo homem, para uma nova\n vida. “Foi uma vitória para mim, consegui levar meu filho para se tratar”.\n \n No filme da\n vida, Erick não teve a chance de voltar a cena. Ele precisou recomeçar do zero\n e se entregou aos seis meses de internação. “Se meus pais não tivessem me\n obrigado a me tratar, hoje eu estaria morto ou preso”, comenta o jovem.\n \n Da clínica,\n em Rochedo, a 74 quilômetros de Campo Grande, Erick saiu renovado, consciente\n do tempo que perdeu e do que realmente queria de sua vida a partir daquele\n momento. “O problema é voltar à sociedade, para o mesmo ambiente, onde a droga\n é muito fácil de encontrar”.\n \n Hoje, Erick\n escreve um novo roteiro para sua história. Voltou para Dourados, está casado há\n quase seis anos, trabalha e faz planos para ter filhos. A vida deu uma nova\n chance a ele, longe das drogas.\n \n \n \n \n