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Geral
03/09/2012 09:00:00
"Ganhei um irmão na dor", diz pai de jovem morto em roubo na Capital
Emocionados e abalados com a morte dos filhos, eles agradeceram a solidariedade dos amigos e a participação de vários jovens na manifestação.

G1MS/LD

Paulo e Rubens encontraram-se hoje, um dia após passeata contra violência (Foto: Gabriela Pavão/G1 MS)
\n \n Um\n dia depois da passeata que reuniu cerca de duas mil pessoas na avenida Afonso\n Pena, em Campo Grande, os pais dos universitários Leonardo Fernandes, 19 anos,\n e Breno Luigi Silvestrini de Araújo, 18 anos, voltaram a se encontrar nesta\n segunda-feira (3). Emocionados e abalados com a morte dos filhos, eles\n agradeceram a solidariedade dos amigos e a participação de vários jovens na\n manifestação.\n \n Leonardo\n e Breno desapareceram na quinta-feira (30), depois que saíram de um bar em\n Campo Grande. Os corpos foram encontrados na tarde de sexta-feira (31), no\n macronanel rodoviário, no bairro Indubrasil. Eles foram mortos com tiros na\n cabeça. Cinco pessoas foram presas pelo crime.\n \n Os\n jovens eram amigos de infância. Leonardo cursava Direito na Universidade\n Federal do Rio Grande (FURG) e Breno cursava Engenharia Civil na Universidade\n Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Por conta da greve das universidades\n federais, Leonardo voltou para Campo Grande para ficar com a família.\n \n “Ganhei\n um irmão na dor”, diz o engenheiro Rubens Silvestrini de Araújo. Os dois\n agradeceram o resultado da investigação policial, que prendeu cinco suspeitos\n pela morte dos universitários, mas dizem que o sistema Judiciário não será\n eficaz, já que, caso condenados, os criminosos podem cumprir parte da pena em\n liberdade, beneficiados com regime semiaberto. “As leis existem, mas não são\n cumpridas”, avalia Silvestrini.\n \n O\n empresário Paulo Fernandes lembrou o último dia em que esteve com Leonardo. Na\n quinta-feira (30), pediu para que o jovem buscasse o irmão mais novo, de 12\n anos, na aula de inglês e, por isso, emprestou o carro da família. Depois que\n os filhos chegaram em casa, o empresário resolveu ir de moto para jogar tênis,\n pois já estava atrasado. Leonardo foi para o bar com o carro. “Era para o carro\n estar comigo, não com ele”.\n \n Quando\n voltou, o empresário não encontrou Leonardo em casa. Por volta das 21 horas,\n começou a ligar no celular do filho. Foram 22 ligações. Mais tarde, a família\n foi avisada que o carro foi encontrado em Corumbá, a 444 quilômetros de Campo\n Grande.\n \n Rubens\n Silvestrini disse que os filhos – Breno e duas irmãs – sempre reuniam os amigos\n em casa. O engenheiro contou que sempre ficava na sala com a mulher, vendo TV,\n enquanto os jovens ficavam na área de lazer. “Ficava tranquilo, porque eles\n estavam em casa, se divertindo e eu ficava cuidando”.\n \n Passeata
\n A manifestação no domingo (2) serviu de conforto para os dois. “Foi um\n movimento muito bonito, ainda mais por ter sido organizado por jovens”, diz\n Silvestrini, explicando que muitos que estavam na passeata não conheciam Breno\n e Leonardo, mas se comoveram com a situação das famílias. “Quem é pai, sabe a\n dor que é perder um filho”.\n \n Paulo\n Fernandes diz que o filho gostava de poesia e mantinha um blog. “Ele sempre\n estava com uma caderneta para fazer anotações”, diz. Em homenagem, os amigos\n começaram a compartilhar um poema atribuído a Leonardo, escrito no dia 30 de\n abril de 2012, entitulado "Poema Lixo":\n \n Tudo\n que você me falou
\n Se foi
\n Tudo que um dia já se pensou
\n Se foi
\n Tudo se foi
\n Todos os pensamentos são lixo
\n Depende de você
\n Depende de mim
\n Depende de tudo
\n Tudo
\n É o mundo
\n Tudo isso se desmente
\n E pra ti, é afronta
\n A peleja é longa
\n A batalha é sempre
\n Respostas há, mas sem chão
\n Nada é em vão
\n O mundo é dos que vão\n \n \n \n \n