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Dos 1.000 técnicos agrícolas credenciados a Famasul, 500 são capacitados para auxiliarem, acolherem e orientarem mulheres vítimas de violência doméstica na zona rural de Mato Grosso do Sul.
A ação faz parte do projeto ‘Acolhe no Campo’, que é um programa em que técnicos agrícolas acolhem mulheres vítimas de violência doméstica, psicológica, financeira, patrimonial e sexual que morem no campo com agressores.
Os técnicos são capacitados pelo Ministério Publico de Mato Grosso do Sul (MPMS) a aconselhar, orientar e acolher mulheres vítimas de violência, além de identificar possíveis sinais de que ela está em risco, de modo a incentivá-la a buscar ajuda e denunciar o agressor que convive diariamente – esposo, noivo ou namorado.
Os funcionários participam de palestras, rodas de conversa, aulas presenciais/online sobre os tipos de violência contra mulher, níveis de violência, ciclo da violência, Lei Maria da Penha, como lidar em situações desse tipo de situação e como ajudá-las.
O programa atua há quatro anos em zonas rurais dos 78 municípios de Mato Grosso do Sul. O objetivo é proteger, auxiliar e amparar o público feminino que são vítimas de violência silenciosamente.
A capacitação tem dez módulos e cada módulo dura entre quatro e seis horas, portanto, são aproximadamente 60 horas por capacitação. Os técnicos são capacitados de três a quatro vezes por ano.
As mulheres que vivem no campo enfrentam mais dificuldade em pedir ajuda pois as propriedades são isoladas e longe uma da outra, isso sem contar que no interior, especialmente no campo, inexiste o aparato policial que tem na Capital.
O maior obstáculo de abordar mulheres no campo é o receio que elas têm de denunciar os agressores, pois, em municípios pequenos, todo mundo se conhece e a notícia “corre solta”. Então, por vergonha, elas preferem não denunciar para evitar fofocas.
A realização é da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (FAMASUL), em parceria com a Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-MS) e Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS).
De acordo com a diretora técnica do Sistema Famasul, Mariana Urt, destacou a importância do projeto.
“Esse projeto tem o intuito de levar o conhecimento sobre a defesa e as orientações para que as mulheres possam tomar providências caso sofram algum tipo de violência doméstica ou em qualquer outro lugar”, explicou.
O coordenador de assistência técnica e gerencial do SENAR-MS, Nivaldo Passos de Azevedo Júnior, foi um dos capacitados para auxiliar mulheres no campo.
“É uma capacitação muito interessante. Participei da primeira capacitação e acompanhei todas as outras que aconteceram. Eu, pessoalmente, ainda não ajudei nenhuma mulher, mas eu já acompanhei vários casos de colegas nossos, de técnicos nossos que conseguiram ter um desenrolar, vamos dizer assim, positivo em relação àquela violência”, contou.
“Nas capacitações, a gente aprende quais são os caminhos que devem ser tomados quando acontece esse tipo de situação, quem procura, como procura, quais são as orientações que a gente pode passar para as pessoas que passam por esse tipo de situação, e principalmente que eu acho que é o mais valioso dessa capacitação, que é ir mudando essa cultura nossa, que muitas vezes alguns comportamentos vão gerar possíveis violências aí’, ressaltou.
VIOLÊNCIA CONTRA MULHER
A violência contra a mulher abrange diversas formas de agressão, incluindo violência física, psicológica, sexual, e patrimonial.
A Lei Maria da Penha estabelece mecanismos de proteção para as mulheres e é fundamental no combate a essa violência.
Caso esteja em risco, acionea Central de Atendimento à Mulher, através do número180 ou a Polícia Militar, através do 190.