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Meio Ambiente
18/08/2025 07:38:00
Fazenda em cidade pantaneira é multada por queimada em área protegida
Foram mais de 1.4 mil hectares de área queimada, sendo 925 hectares em vegetação nativa e 266 hectares em área de APP

CE/PCS

Fazenda de Porto Murtinho é autuada em R$1.4 milhões por queimada em área protegida - Divulgação/MPMS

A 1ª Promotoria de Justiça de Porto Murtinho abriu um inquérito civil contra Agropecuária Santa Mariana Ltdaem razão do avanço das queimadas ilegais em áreas nativas e de preservação permanente em Mato Grosso do Sul, resultando, ao proprietário, na aplicação de multa de mais de R$1.4 milhões.

A investigação apura a destruição de 1.444,981 hectares em uma fazenda da região, sendo 925,480 hectares de vegetação nativa em área destinada à Reserva Legal e 266,730 hectares em Área de Preservação Permanente (APP). Segundo o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), a queima foi feita sem autorização.

Operação Focus

A apuração começou após a Operação Focus 2024, que utilizou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e imagens de satélite PlanetScope e Sentinel-2A para identificar os focos de calor e delimitar as áreas atingidas.

Como a atividade ocorreu sem aval ambiental, em desacordo com o artigo 58 do Decreto Federal nº 6.514/2008, a empresa foi autuada e recebeu multa de R$1.445.000,00.

De acordo com o Portal do Imasul, a Operação Focus tem como objetivo reforçar a fiscalização em propriedades rurais com registros de fogo e áreas queimadas.

Impactos ambientais

Um Laudo de Constatação e o Parecer Técnico nº 313/2024 do Imasul apontam que a queimada causou danos significativos, entre eles:

Perda de biodiversidade, com destruição de vegetação nativa e habitats de animais silvestres;

Degradação do solo, aumentando o risco de erosão e dificultando a regeneração natural;

Prejuízos ao equilíbrio hídrico, pela destruição de APPs que protegem nascentes e rios;

Emissão de poluentes atmosféricos, afetando a qualidade do ar e a saúde da população.

O fogo ainda se espalhou para uma propriedade vizinha, a Fazenda Santa Maria II, destruindo mais 285,471 hectares. Ao todo, foram atingidos 1.730,452 hectares.

Medidas adotadas

O promotor de Justiça substituto, Guilermo Timm Rocha, ainda notificou a empresa a apresentar um Projeto de Recuperação de Área Degradada ou Alterada (Prada), que deverá ser registrado no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e contemplar os 1.192,210 hectares de APP e Reserva Legal atingidos.

Além disso, o Ministério Público solicitou documentos, esclarecimentos e a manifestação da empresa sobre o interesse em firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Menor índice de queimada

Conforme noticiado no início do mês pelo Correio do Estado, agosto iniciou com frente fria e a chegada de chuva que há dias não dava as caras em boa parte do Estado. Isso fez com que os riscos de queimadas fossem afastados por mais alguns dias.

O ano de 2025 já é um ano marcado pela baixa incidência de focos de incêndio. Até o final do mês de julho, foram 848 focos identificados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), sendo o menor número para o período nos últimos 11 anos.

De acordo com o Inpe, Mato Grosso do Sul teve menos de 900 focos de incêndio nos primeiros sete meses do ano pela última vez em 2014, quando foram registrados 799 focos.

Em 2024, o Estado registrou 5.419 focos de janeiro a julho, sendo o período com maior número registrados em Mato Grosso do Sul desde 1998. Em relação ao mesmo período em 2025, a queda foi de 84,3%.