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Mundo
03/05/2014 11:50:53
África do Sul enfrenta problemas quatro anos após a Copa, diz jornalista
Joanesburgo, maior cidade da África do Sul, viveu por anos a expectativa de melhoras na condição de vida da população, com a realização da primeira Copa do Mundo no Continente Africano, em 2010.

Agência Brasil/AB

Joanesburgo,\n maior cidade da África do Sul, viveu por anos a expectativa de melhoras\n na condição de vida da população, com a realização da primeira Copa do \n Mundo no Continente Africano, em 2010. Quatro anos depois, no entanto, o\n país enfrenta problemas, como o endividamento público e estádios \n ociosos, de acordo com o jornalista sul-africano Niren Tolsi. \n Ele conta que as duas arenas construídas para receber partidas do \n Mundial, o Ellis Park Stadium e o Soccer City, estão subutilizadas. O \n último recebe atualmente mais atividades musicais e políticas do que \n partidas de futebol. \n Tolsi veio ao Brasil para participar do Encontro dos Atingidos – Quem \n Perde com os Megaeventos e Megaempreendimentos, em Belo Horizonte. \n O jornalista relata que os moradores esperavam que a preparação para a \n Copa projetasse Joanesburgo internacionalmente e proporcionasse mudanças\n na infraestrutura urbana, com o alargamento de estradas e a \n multiplicação de opções de transporte coletivo. \n As obras de mobilidade feitas no país à época são úteis para a \n população. Porém, o Mundial foi marcado também por denúncias de \n corrupção na construção dos estádios, deslocamentos forçados de \n famílias, aumento da repressão policial e expulsão de moradores de rua e\n de vendedores ambulantes das áreas centrais de Joanesburgo, segundo o \n jornalista. \n “A Fifa foi embora com R 25 milhões [R é o símbolo de rand, moeda \n oficial da África do Sul] de lucro e o país ficou endividado”, lamentou.\n \n Tolsi vê semelhanças entre os problemas apontados pelos movimentos \n sociais no Brasil e o que ocorreu, há quatro anos, em seu país. Com a \n mobilização dos movimentos sociais e populações atingidas pelos grandes \n eventos, ele espera que “essa lógica mude e que a Fifa tenha que parar \n de agir em outros países, como faz hoje, trabalhando a favor das \n corporações, colocando em questão a soberania nacional”. \n O Mundial na África do Sul também não aqueceu o mercado de trabalho, \n como previsto, por causa da crise financeira que abala a Europa, de onde\n sairiam muitos dos turistas que o país esperava receber em 2010. \n Não somente na África do Sul, a população ficou desapontada com o legado\n deixado por grandes eventos. A ativista grega Chará Tzouna avalia que \n os empréstimos tomados para a realização das Olimpíadas de 2004 \n intensificaram o problema econômico que o país já vivenciava. “Há 30 \n anos, já tomavam empréstimos para viver. Nas Olimpíadas, criaram mais \n empréstimos para construir edifícios e estádios, que não conseguem se \n manter. Além das dívidas, ficamos com elefantes brancos”, diz. \n Para Chará Tzouna, a organização popular foi um dos pontos positivos do \n evento esportivo. “Houve o crescimento da participação e da organização \n política. As pessoas estão tentando recuperar espaços públicos que foram\n privatizados ou que estão inativos”, disse.