Polícia
28/02/2013 09:00:00
47º BI realiza celebração em homenagem ao centenário de Frei Orlando Soldado da Fé
O 47º Batalhão de Infantaria realizou nesta quinta-feira (27), às 08h30, a Celebração comemorativa ao Centenário de Frei Orlando Soldado da Fé.
Luma Danielle Centurion
\n \n O 47º Batalhão de\n Infantaria realizou nesta quinta-feira (27), às 08h30, a Celebração comemorativa\n ao Centenário de Frei Orlando Soldado da Fé.\n \n Estiveram presentes\n no evento Padre Micael Carlos Andrejzwski (Igreja São José), Pastor Alberto\n Ferreira Nunes (Igreja Assembléia de Deus Madureira) e o pelo S Ten Mauricio\n representando Sr Rubens Alves Dantas (Presidente do Centro Espirita Operário do\n Amor).\n \n As atividades\n ocorreram nas dependencias da Organização Militar com a participação dos\n militares da Guarnição de Coxim-MS.\n \n Biografia\n \n Antônio\n Álvares da Silva, conhecido como Frei Orlando, nasceu em Morada Nova, próximo\n de Abaeté, no dia 20 de fevereiro de 1913. Após sua ordenação como frei em\n Divinópolis, Antônio Álvares da Silva foi decretado por ordem presidencial como\n Capelão do Exército Brasileiro. Desde então dedicou 24 horas do seu dia ao\n serviço militar, defendendo seus compromissos morais com a religiosidade e com\n a nação brasileira.Frei Orlando, de acordo com seus pares, foi um sujeito simples e de boa prosa.\n Encantava as pessoas com sua maneira tranquila de falar e sua facilidade em\n discorrer assuntos das mais variadas vertentes. Pelo seu jeito peculiar de ser,\n foi escolhido patrono do Exército.Aos 32 anos de idade decidiu-se que queria ser missionário na China. Por isso\n foi para a Holanda e para a Itália concluir seus estudos. Chegou a rezar uma\n missa na Basílica de São Pedro.De volta ao Brasil, foi cumprir seu legado religioso na cidade de São João Del\n Rei e logo conquistou a simpatia nesta cidade. Foi precursor de projetos\n solidários voltados aos pobres como a conhecida Sopa dos Pobres em São João\n Del Rei. Foi também professor de história.Quando o Brasil começou a recrutar seus jovens para a batalha na guerra, Frei\n Orlando se prontificou a acompanhar a FEB Força Expedicionária Brasileira ,\n e servir como guia espiritual aos soldados. Sua função nas tropas brasileiras era\n imprescindível, já que os combatentes recebiam conforto espiritual antes e\n depois das batalhas, servindo-se como um grande psicólogo. Vestido com sua\n farda verde-oliva, Frei Orlando disse a seguinte frase: Hoje é o dia mais\n feliz da minha vida, completei meu ideal: sou agora soldado de Deus e da\n pátria.Durante uma batalha para a retomada da região de Monte Castelo, na Itália, frei\n Orlando acompanhava os soldados brasileiros, quando foi alcançado por um jipe\n de amigos que lhes ofereceram carona. No meio do trajeto o automóvel se prendeu\n a uma pedra e na tentativa de resolver o problema, um oficial italiano usou sua\n arma para retirar a pedra. Acidentalmente a arma disparou e acertou o peito do\n padre que morreu instantaneamente.\n \n Memória\n \n Uma\n comitiva do Exército Brasileiro realiza levantamentos sobre a vida do\n religioso. O Centro de Estudos e Pesquisas do Exército, da cidade do Rio de\n Janeiro, percorre cidades que possam ter informações e documentos sobre frei\n Orlando. A intenção é realizar exposições itinerantes, palestras e iniciativas\n artísticas sobre o capelão.\n O trabalho de pesquisa histórica começou pela cidade de São João Del Rei, onde\n se encontra uma sede do Exército em que se alistou o frei. As cidades de Santos\n Dummont, Divinópolis e Abaeté também estiveram no roteiro dos pesquisadores.\n Desde a Guerra do Paraguai, no final do século XIX, os regimentos tinham\n capelães, que eram os padres que acompanhavam os militares e os apoiavam. Com a\n separação da Igreja e Estado durante a Primeira República, os capelães deixaram\n de compor oficialmente o Exército, porém continuaram exercendo seu importante\n trabalho como colaboradores terceirizados. A partir da década de 1930 o Estado\n passou a incorporar os padres novamente aos seus quadros de militares.Cartas\n \n A\n ligação de Frei Orlando com os divinopolitanos não acabou quando o mesmo foi à\n Segunda Guerra Mundial. De lá, Frei Orlando escrevia cartas aos jovens de\n Divinópolis que eram publicadas nos jornais A Semana e Divinópolis Jornal. Essa\n ligação durante sua estadia na Itália foi marcante e era aguardada por muitos\n leitores da cidade.As notícias da Guerra foram divulgadas através de jornais, que muitas vezes\n publicavam cartas e notícias enviadas pelos brasileiros em combate. O rádio,\n que desde a década de 1920 vinha sendo um companheiro dos lares brasileiros,\n também foi responsável por ressoar as notícias. Havia um alto-falante na então\n Av. Independência (hoje Av. Antônio Olímpio de Morais), onde funcionava o Cine\n Alhambra, que foi responsável por divulgar notícias dos divinopolitanos em\n Guerra. Algumas cartas enviadas pelo religioso foram lidas no alto-falante em\n pleno Centro da cidade.Em um trabalho de pesquisa minuciosa é possível rastrear algumas destas cartas\n enviadas pelos militares divinopolitanos em combate.nbsp; A carta que trazemos\n a seguir foi escrita por Frei Orlando próximo à Itália e publicada no jornal A\n Semana, em 03 de dezembro de 1944, dois meses antes de sua morte. A carta foi\n destinada aos seus alunos do Colégio Santo Antônio:Após longos dias perdidos entre as águas verdes do oceano e o céu azul de três\n continentes, nos encontramos na antevéspera do desembarque no solo do velho\n continente, donde nos veio, em épocas remotas, a civilização e os nossos\n antepassados.Entramos no Mediterrâneo, e os meus pensamentos voltaram-se para a História e\n na minha fantasia revinbsp; aquelas naus fenícias que cruzavam lentamente\n essas ondas que hoje também são cruzadas por navios, transportes carregadores\n de brasileiros. Revi o navios cartagineses, as galeras romanas, os veleiros de\n piratas árabes, as embarcações de Veneza e Gênova, enfim os barcos da Britânia\n conquistando esses mares.E agora surge no cenário mais de cem vezes secular, uma nova gente, tão forte\n como aqueles que a precederam, tão valorosa como aquela cantada por Camões de\n fibra e valentia como todas que se gabam dos grandes feitos da História.\n \n \n \n \n