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Polícia
08/07/2023 11:27:00
Dos últimos 4 motociclistas mortos, só um tinha documelentação regular

CGNews/LD

As últimas semanas têm sido marcadas por diversos acidentes de trânsito com vítimas fatais envolvendo motociclistas. De 29 de junho ao dia 5 de julho, quatro pessoas morreram no local dos sinistros. Desses óbitos, apenas uma pessoa tinha documentação regular.

Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS), das últimas quatro vítimas, duas não tinham Carteira Nacional de Habilitação (CNH), uma tinha CNH de categoria diferente da exigida para motociclistas e três motos estavam irregulares.

A gerente de educação para o trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Ivanise Rotta, relata que a irregularidade da CNH não é um fator de risco para sinistros, mas sim um fator contributivo, pois boa parte das pessoas que se envolvem em acidentes estão com alguma irregularidade na carteira de motorista.

No entanto, apesar das irregularidades, a gerente de educação informa que o principal fator de risco que ocasiona óbitos na Capital é a velocidade. Os dados são do Grupo de Análise de Acidentes de Trânsito (Gaat), que é uma parceria conjunta entre a polícia, os trabalhadores da saúde e os agentes de trânsito para avaliar os fatores que envolvem os sinistros.

“Por que os motociclistas morrem mais? Estando certos ou errados, cumprindo ou descumprindo as leis? Se eles[motociclistas] se envolvem em qualquer tipo de sinistro, vão levar a pior”, diz Ivanise, que frisa que os motociclistas estão mais expostos, são mais vulneráveis e têm a velocidade como fator determinante para agravar os acidentes.

O Gaat aponta que o segundo principal fator de risco para sinistros é a embriaguez. Ivanise comenta que a questão do álcool deveria ser tratada como a do cigarro, com respeito aos locais em que não se pode fumar e também com o cumprimento da lei de não dirigir após beber.

“O ‘Se beber, não dirija’ não funciona mais, esse continua sendo um fator muito grave que leva a óbito, então usamos agora o ‘Dirija sóbrio’”, relata a gerente educacional.

No total, de janeiro a junho deste ano, a Agetran informou que foram 21 vítimas fatais em acidentes envolvendo motos, no entanto, esse número deve ser maior, por conta dos sinistros que ocorreram nos primeiros dias de julho.

No ano passado, foram 51 vítimas fatais de acidentes de moto, e em 2021 foram 55 óbitos. Profissionais do trânsito comentam que, apesar dos sinistros dos últimos dias, não houve um aumento no número de mortes. “Está seguindo a mesma linha do ano passado, e não devia, com tanta informação, com a mídia, acontecer tanto acidente”, comenta Ivanise Rocha.

No geral, o Batalhão de Polícia Militar de Trânsito (BPMTran) relatou que foram 1.971 sinistros registrados com motos este ano, sendo 1.543 com vítimas e 1.046 notificações de motociclistas não habilitados. Ao todo, segundo o BPMTran, até o dia 5 de julho, ocorreram 37 acidentes fatais em Campo Grande, com 24 mortes (três nos primeiro dias de julho) de motociclistas.

HABILITAÇÃO

A gerente de educação para o trânsito Ivanise Rotta comenta que, no ano passado, em torno de 78% das pessoas envolvidas em sinistros com óbitos não tinham CNH ou, se tinham, estavam irregulares. De acordo com o Detran-MS, deve haver uma mudança no pensamento social.

“As pessoas precisam ver o trânsito como um espaço social e coletivo e entenderem que qualquer descumprimento de normas existentes ou qualquer imperícia na condução de um veículo pode custar uma vida”, comenta o Departamento de Trânsito do Estado.

O mesmo princípio de enxergar o trânsito como um espaço coletivo, uma corresponsabilidade, também é defendido por Ivanise Rocha.

“A pressa, por exemplo, não pode sobrepor a segurança dele próprio [do condutor] e de outrem”, comenta Ivanise, que aponta que no trânsito não se buscam culpados, mas, sim, realiza-se uma análise dos acidentes para que os agentes possam colocar em prática medidas que visam preservar vidas.

ACIDENTES

A última morte de motociclista no trânsito da Capital até o fim da tarde de sexta-feira (7) havia ocorrido na madrugada de quarta-feira (5).

Thalisson Weslley Silva dos Santos, de 29 anos, morreu vítima de colisão da moto que pilotava com uma caminhonete. O acidente aconteceu no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Rui Barbosa, no centro de Campo Grande.

No dia 1º de julho, Lucas de Moraes dos Santos e um adolescente de 17 anos que estava na garupa morreram após se chocarem violentamente contra um poste de energia elétrica na Rua Pocrane, no Bairro Vila Nasser. Já no dia 29 de junho, Miryan Lemes Torquato, de 22 anos, morreu atropelada após tentar desviar de um carro que abriu a porta, na Rua Coronel Cacildo Arantes, Bairro Chácara Cachoeira.

A jovem estava à direita de um caminhão, se desequilibrou e caiu embaixo do veículo, que a atropelou. Ela morreu na hora.

SAIBA

Nos últimos 10 anos, entre 2013 e 2022, 526 motociclistas morreram nas ruas de Campo Grande, segundo dados da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran). Desse total, apenas 1% eram profissionais como motoentregadores ou mototaxistas, conforme Ivanise Rotta. Neste ano, até o dia 5 de julho, foram 24 mortes, e nenhuma das vítimas era profissional.