VERSÃO DE IMPRESSÃO
Polícia
20/05/2023 12:04:00
Influencer presa suspeita de participar de homicídio: entenda como funcionava esquema de tráfico
Douglas Henrique Silva foi morto por causa de uma dívida de R$ 250 mil. Influencer acompanhou o ex-namorado no dia em que ele teria matado a vítima e participava do esquema, diz delegado.

G1/PCS

Yeda Freitas foi presa em Goiânia, Goiás

A influenciadora digital Yeda Freitas, suspeita de participar do homicídio de Douglas Henrique Silva, também é envolvida em um esquema de tráfico de drogas, em Goiânia. O delegado responsável pelo caso, Carlos Alfama, afirma que a vítima foi morta por causa de uma dívida de R$ 250 mil da compra da central de distribuição de cocaína, que Yeda era beneficiada financeiramente.

O g1 não localizou a defesa de Yeda para um posicionamento até a última atualização desta reportagem. Além dela, o ex-namorado, Antônio Luiz de Souza, Mateus Barbosa da Silva, José Camilo Pereira Bento, Getúlio Junior Alves dos Santos e Leandro Silva Rodrigues também são investigados. O g1 também não localizou a defesa dos outros cinco envolvidos. Yeda e Antônio namoravam na época do crime e, atualmente, não estão juntos.

Até o momento, Yeda, Antônio, José e Mateus foram detidos após terem a prisão temporária decretada na quinta-feira (18). Getúlio e Leandro seguem foragidos. Segundo o delegado, todos os seis investigados respondem por homicídio qualificado por motivo torpe e com a qualificadora de emboscada, sendo Antônio o executor e outros cinco partícipes do crime.

Esquema de tráfico de drogas

O delegado detalha que Antônio, de 26 anos, também conhecido como Toinzinho, comprou da vítima um comércio denominado “Empresa Cola” por R$ 250 mil. Esta empresa seria uma central de distribuição de cocaína, em Goiânia, por pedidos em delivery. “Eles tinham clientes cadastrados que faziam os pedidos por WhatsApp e eles faziam as entregas”, explica.

Alfama afirma que o grupo tinha uma lista de clientes fiés para tentar dificultar que a polícia identificasse o funcionamento do esquema. “Eles tinham todo um sistema de atendimento e entrega das drogas. Para ser cliente, existia uma investigação para saber se a pessoa era policial e confirmar se ela era de confiança. Era uma atividade sistematizada como empresa”, destaca.

Segundo o investigador, o esquema de tráfico só foi descoberto após o início das investigações ligadas à morte de Douglas. “Não foram encontradas drogas com eles, só descobrimos o funcionamento da empresa por causa do homicídio”, diz. Por isso, Alfama explica que nenhum dos seis investigados respondem por tráfico de drogas, apenas por homicídio qualificado.

Para auxiliar nas investigações, a polícia também apreendeu nesta quinta-feira (18) nove aparelhos celulares dos envolvidos, sendo seis deles usados no esquema de tráfico. “Apreendemos dois celulares com a Yeda, um com o José e seis com o Antônio, que trocava de aparelho toda semana para tentar despistar a polícia. Não apreendemos o celular do Mateus”, diz.

Por fim, o delegado explica que Antônio seria o chefe do esquema, Getúlio, um dos membros da facção criminosa e Yeda uma das beneficiárias. “Ela também fazia os pagamentos da central de distribuição de cocaína e recebia parte do lucro das vendas”, diz. José estaria no momento do crime em que Douglas foi morto e Leandro teria emprestado o carro para enganar a vítima.

O crime e a motivação

Douglas foi morto a tiros no dia 14 de março de 2022, por volta de 19h, no Jardim Atlântico, em Goiânia. O delegado conta que, após a compra da empresa, Antônio combinou o pagamento dos R$ 250 mil em parcelas semanais de R$ 6 mil. Alfama afirma que a polícia identificou transferências bancárias de Yeda para conta de familiares da vítima, que seriam pagamentos da dívida.

Entretanto, Antônio teria planejado uma emboscada para matar a vítima com o objetivo de se livrar da dívida. Segundo o delegado, o suspeito teria prometido quitar a dívida dando um carro avaliado em R$ 100 mil para Douglas como parte do pagamento e, no dia seguinte, iria passar outros R$ 80 mil. “Ele de fato entregou o veículo para a vítima e, no outro dia, a matou”, diz.

Qual a participação de cada um no crime?

As investigações apontam que o ex-namorado da influencer, Antônio, seria o executor do crime. “Não tinham testemunhas ou câmeras no local, mas nós localizamos o carro e encontramos vestígios de sangue da vítima. Toda a dinâmica confirmada se confirmou com a prova pericial”, afirma Alfama.

O delegado detalha que Yeda acompanhou o ex-namorado no dia em que ele teria matado a vítima. Além disso, afirma que a conta bancária da influencer era utilizada para pagar as dívidas. “Ela também fazia os pagamentos da central de distribuição de cocaína e recebia parte do lucro das vendas”, diz.