VERSÃO DE IMPRESSÃO
Polícia
31/01/2013 09:00:00
Justiça nega pedido de liberdade provisória de sócio da boate Kiss
A Justiça negou o pedido de revogação da prisão temporária de Elissandro Spohr, um dos sócios da boate Kiss, em Santa Maria, onde um incêndio durante uma festa universária deixou 235 mortos.

G1/LD

\n \n A\n Justiça negou o pedido de revogação da prisão temporária de Elissandro Spohr,\n um dos sócios da boate Kiss, em Santa Maria, onde um incêndio durante uma festa\n universária deixou 235 mortos. Kiko, como é chamado, está internado sob\n custódia em um hospital de Cruz Alta.\n \n Durante\n a manhã, o Ministério Público já havia se manifestado contra a soltura. Em seu\n parecer, o promotor André Fernando Rigo frisou que a investigação policial\n ainda está começando e não vê motivo para a liberação. A prisão temporária\n dele, do sócio Mauro Hoffman e de dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira\n termina na sexta-feira (1).\n \n O\n incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul,\n deixou 235 mortos na madrugada do último domingo (27). O fogo teve início durante\n a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos\n pirotécnicos no palco. De acordo com relatos de sobreviventes e testemunhas, e\n das informações divulgadas até o momento por investigadores, é possível afirmar\n que:\n \n -\n O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
\n - Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
\n - A banda comprou um sinalizador proibido.
\n - O extintor de incêndio não funcionou.
\n - Havia mais público do que a capacidade.
\n - A boate tinha apenas um acesso para a rua.
\n - O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
\n - Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
\n - 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
\n - Equipamentos de gravação estavam no conserto.\n \n Prisões
\n Quatro pessoas foram presas na segunda por conta do incêndio: o dono da boate,\n Elissandro Calegaro Spohr; o sócio, Mauro Hofffmann; o vocalista da banda\n Gurizada Fandangueira, Marcelo Santos; e um funcionário do grupo, Luciano\n Augusto Bonilha Leão, responsável pela segurança e outros serviços.\n \n Investigação
\n O delegado Marcos Vianna, responsável pelo inquérito do incêndio na boate Kiss,\n disse ao G1 na terça-feira (29) que uma\n soma de quatro fatores contribuiu para a tragédia ter acabado com tantos\n mortos: 1) o fato de a boate ter só uma saída e a porta ser de tamanho\n reduzido; 2) o uso de um artefato sinalizador em um local fechado; 3) o excesso\n de pessoas no local; e 4) a espuma usada no revestimento, que pode não ter sido\n a mais indicada e ter influenciado na formação de gás tóxico.\n \n O\n delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, afirmou também na terça que\n a Polícia Civil tem "diversos indicativos" de que a boate estava\n irregular e não podia estar funcionando. "Se a boate estivesse regular,\n não teria havido quase 240 mortes", disse em entrevista. "Mas isso\n ainda é preliminar e precisa ser corroborado pelos depoimentos das testemunhas\n e os laudos periciais", completou.\n \n Arigony\n disse ainda que a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais\n barato, próprio para ambientes abertos e que não deveria ser usado durante show\n em local fechado. "O sinalizador para ambiente aberto custava R$ 2,50 a\n unidade e, para ambiente fechado, R$ 70. Eles sabiam disso, usaram este modelo\n para economizar. Usaram o equipamento para ambiente aberto porque era mais\n barato”, disse o delegado.\n \n O\n vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo Santos, admitiu em seu\n depoimento à Polícia Civil que segurou um sinalizador aceso durante o show, de\n acordo com o promotor criminal Joel Oliveira Dutra. O músico disse, no entanto,\n que não acredita que as faíscas do artefato tenham provocado o incêndio. Ele\n afirmou que já havia manipulado esse tipo de artefato por diversas vezes em\n outras apresentações.\n \n Responsabilidades
\n A boate Kiss desrespeitou pelo menos dois artigos de leis estadual e municipal\n no que diz respeito ao plano de prevenção contra incêndio. Tanto a legislação\n do Rio Grande do Sul quanto a de Santa Maria listam exigências não cumpridas\n pela casa noturna, como a instalação de uma segunda porta, de emergência. A\n boate situada na Rua dos Andradas tinha apenas uma, por onde o público entrava\n e saía. Outra medida que não foi cumprida na estrutura da boate diz respeito ao\n tipo de revestimento utilizado como isolamento acústico.\n \n A\n Brigada Militar informou nesta quarta que a boate não estava em desacordo com\n normas de prevenção contra incêndios em relação ao número de saídas. Segundo\n interpretação da lei, o local atendia as normas ao possuir duas saídas no salão\n principal. Mas as portas, no entanto, não davam para a rua, e sim para um hall.\n Este sim dava para a rua através de uma só porta. "Foi um ato possível que\n o engenheiro conseguiu colocar", disse o tenente coronel Adriano Krukoski,\n comandante do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre.\n \n Jader\n Marques, advogado de Elissandro Spohr, um dos sócios da boate, disse que a casa\n noturna estava em "plenas condições" de receber a festa. Ele falou\n sobre documentação da casa, segurança, lotação, e disse que a banda Gurizada\n Fandangueira não avisou que usaria sinalizadores naquela noite. O advogado\n ainda afirmou que o Ministério Público vistoriou o local "diversas\n vezes".\n \n A\n Prefeitura de Santa Maria se eximiu de responsabilidade pelo incêndio e\n entregou alvará para a polícia que mostra data de validade de inspeção para\n prevenção de incêndio, feita pelo Corpo de Bombeiros. A prefeitura afirma que a\n sua responsabilidade era apenas sobre o alvará de localização, que é válido com\n a vistoria do ano corrente. O documento informa que a vistoria foi feita em 19\n de abril de 2012.\n \n O\n chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros, major\n Gerson Pereira, disse na quarta que a casa noturna tinha todas as exigências\n estabelecidas pela lei vigente no Brasil. "Quem falhou, que assuma a sua\n responsabilidade. Nós fizemos tudo o que estava ao nosso alcance e não vou\n entrar em jogo de empurra-empurra", afirmou.\n \n O\n Ministério Público do Rio Grande do Sul abriu um inquérito civil na terça para investigar\n a possibilidade de improbidade administrativa por parte de integrantes da\n Prefeitura de Santa Maria, do Corpo de Bombeiros e de outros órgãos públicos\n por terem permitido que a boate Kiss continuasse funcionando mesmo com as\n licenças de operação e sanitária vencidas.\n \n \n \n \n