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Polícia
28/04/2025 14:57:00
PMA intensifica ações de conscientização no Pantanal após acidente com onça

CGN/LD

Com o objetivo de promover uma convivência segura e consciente com a fauna nativa, a Polícia Militar Ambiental (PMA) tem intensificado suas ações de educação ambiental no Pantanal e em regiões de grande fluxo turístico como Bonito e áreas ribeirinhas. A iniciativa visa orientar moradores locais, pantaneiros e turistas sobre os cuidados necessários ao se deparar com animais silvestres e, principalmente, combater práticas ilegais como a “ceva”.

A “ceva”, prática que consiste em oferecer alimento ou deixar restos de comida para atrair animais silvestres, é considerada crime ambiental. Segundo a legislação de proteção à fauna, o ato configura maus-tratos e representa um risco tanto para os animais quanto para os humanos.

“Todo ano fazemos campanhas nas estradas sobre os animais silvestres, para evitar a ceva, maus-tratos e atropelamentos. Utilizamos cartazes e placas em locais estratégicos, especialmente no Pantanal e em Bonito, onde há grande circulação de turistas”, explica o major Diego Ferreira, comandante do 1º Batalhão da PMA.

Ele destaca que o trabalho de conscientização se intensifica nas aberturas da temporada de pesca, quando o fluxo de visitantes aumenta significativamente.

Além da distribuição de panfletos e instalação de sinalizações, a PMA conta com o apoio de ONGs e instituições do terceiro setor para promover ações educativas. Um dos destaques é a Expedição de Educação Ambiental, que está em sua 10ª edição. Realizada por via fluvial, a iniciativa leva serviços sociais e orientações ambientais a comunidades ribeirinhas durante uma semana de atividades intensas, com participação de instituições públicas e privadas.

Embora a presença de grandes felinos como a onça-pintada seja característica da região, especialistas reforçam que os ataques a seres humanos são extremamente raros. “Existe uma convivência histórica entre ribeirinhos e animais silvestres. Ainda assim, orientamos para que se evite andar sozinho pela mata, mantenha-se uma distância segura dos animais e, principalmente, não se pratique a ceva”, alerta o major Diego.

A professora Paula Helena Santa Rita, da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e coordenadora do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), corrobora essa avaliação. “A tendência do animal silvestre, como a onça, é evitar o ser humano. Os ataques são raríssimos e, quando ocorrem, geralmente envolvem a perda do medo do homem, muitas vezes causada pelo condicionamento alimentar gerado pela ceva”, explica.

Paula, que também é bióloga e médica veterinária, ressalta que alimentar os animais pode parecer um gesto inofensivo, mas tem consequências graves. “O fornecimento de comida, mesmo que involuntário, como deixar restos de peixe próximo aos rios, atrai os animais, que passam a frequentar os locais humanos, aumentando o risco de incidentes.”

Gustavo Figueirôa, biólogo e especialista em manejo e conservação da fauna silvestre, reforça que a presença humana próxima ao habitat das onças requer responsabilidade. “São predadores, sim, mas evitam contato. Ataques acontecem apenas em situações específicas, como defesa de filhotes, alimentação ou acasalamento. O problema maior é quando elas se acostumam com a presença humana por causa da comida.”

As autoridades e especialistas concordam que a chave para uma convivência pacífica com a fauna pantaneira está na educação ambiental e no respeito aos limites da vida silvestre. “Vamos continuar com a fiscalização e ações educativas, porque cevar animais é crime. Nosso compromisso é garantir a segurança de todos, promovendo o respeito à natureza”, conclui o major Diego.