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Polícia
26/12/2023 12:00:00
Polícia Federal traça roteiro para fechar investigações contra Bolsonaro

UOL/PCS

A Polícia Federal trabalha para concluir no início do próximo ano os inquéritos das fake news e das milícias digitais, que miram os núcleos político e econômico do bolsonarismo. A avaliação dos investigadores é que já há elementos suficientes para indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro por delitos cometidos ao longo dos últimos quatro anos, mas os tipos desses crimes só serão definidos com a finalização em conjunto de todas as linhas de investigação envolvendo o ex-presidente.

O indiciamento é um ato no qual a autoridade policial imputa a prática de um crime a um investigado. Depois disso, o caso será enviado ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, para análise sobre a eventual apresentação de uma denúncia contra Bolsonaro e seus aliados.

A expectativa dos investigadores é que, com a saída de Augusto Aras do comando da PGR (Procuradoria-Geral da República), Gonet deve dar prosseguimento às investigações e apresentar denúncias contra o ex-presidente após a entrega do material produzido pela Polícia Federal. Somente após o recebimento de uma denúncia pelo Judiciário é que Bolsonaro se tornaria réu nesses casos.

O ex-presidente já foi condenado na esfera eleitoral à inelegibilidade pelo prazo de oito anos, o que o impede de participar da próxima eleição presidencial. Essas investigações da PF são na esfera criminal. Caso ele seja alvo de uma condenação criminal, a depender do nível da sua pena, Bolsonaro poderia até mesmo ser preso.

O entendimento da PF é que os fatos sob investigação envolvendo Jair Bolsonaro estão interligados e, por isso, devem ser concluídos em conjunto. Os investigadores ainda finalizam a análise de materiais apreendidos, como telefones celulares, e as apurações envolvendo a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República que revelou a atuação de Bolsonaro em um plano golpista contra o resultado das eleições do ano passado.

Essa tentativa de realização de um golpe de Estado, de acordo com os inquéritos em andamento, tem conexão com a atuação das milícias digitais que atacaram as instituições democráticas nos últimos quatro anos e outros fatos.

Os inquéritos das fake news e das milícias digitais abrangem diversas frentes de apuração, como o desvio de joias para venda no exterior e as fraudes nos certificados de vacina. Os investigadores identificam uma conexão entre o cometimento desses delitos e a organização criminosa montada para realizar ataques às instituições democráticas. Para a PF, as milícias digitais também abriram caminho à obtenção de vantagens indevidas do Estado brasileiro pelo grupo do ex-presidente.

Apenas ao fim desse conjunto de investigações é que a PF irá definir quais crimes estão caracterizados. Havia uma expectativa de finalizar essas apurações até o fim do ano, mas o grande volume de provas sob análise atrasou o andamento do caso.

Pelos fatos analisados até agora, há suspeita de delitos como organização criminosa, peculato (desvios de recursos públicos) e atos contra o Estado Democrático de Direito.