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A secretaria estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) afastou três policiais militares, nesta quinta-feira (26), pela demora ao atender ocorrência de abandono de duas crianças, em Campo Grande. O oficial e dois soldados da PM vão ser investigados em Procedimento de Administrativo (PAD) para apurar a conduta.
Em justificativa à Sejusp, os policiais alegaram que tiveram que esperar quase 4 horas para atender a ocorrência pela falta de viaturas. A informação da defesa foi confrontada pela própria Sejusp.
De acordo com o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, haviam 41 viaturas policiais sendo usadas, na capital, nessa terça-feira (24), data da ocorrência. Destas, 29 estavam à disposição do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciops).
“Não havia falta de viaturas, só não foram acionadas imediatamente face ao emprego daquela da área que estava em outra ocorrência. Já determinamos a apuração dos fatos pela Corregedoria da PM e os responsáveis responderão”, afirmou Videira.
Entre os pontos investigados, o motivo de uma outra viatura, mesmo que de outra área, não ter sido acionada será apurado. O resultado das investigações deve ser entregue em até 30 dias.
Entenda o caso
A Polícia Civil investiga suposto caso de abandono de dois irmãos, de 3 e 2 anos, no bairro Santa Carmélia, em Campo Grande, nessa terça-feira (24). Conselheiros tutelares e a Polícia Civil chegou ao local após um vizinho realizar denúncia e fazer vídeo mostrando os menores chorando, sozinhos na casa.
De acordo com boletim de ocorrência, as crianças estavam sozinhas desde às 6h até às 9h. A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) foi acionada e investiga o caso como abandono de incapaz. Os pais foram localizados e levados para prestar esclarecimentos.
Conforme o relato do vizinho, é possível ouvir o choro das crianças a metros de distância da casa dele. “É doloroso. Sou pai também, é triste ver uma situação dessas. Os pais deveriam dar carinho, tratar bem. Essas crianças vivem em um lar tóxico, com agressões. Isso vai refletir na vida delas”, lamentou.
Segundo o homem, os abandonos têm sido recorrentes nas últimas semanas. O vizinho disse ter o hábito de oferecer água e comida para os menores e lamenta a forma como eles são tratados.
O vizinho também relatou que os menores são maltratados, especialmente o menino, que é xingado e agredido com frequência pelo homem que mora na casa, que ele não soube informar se o suspeito é pai ou padrasto do garoto.
Os pais das duas crianças foram ouvidos e liberados depois de pagarem fiança de um salário mínimo cada. Os suspeitos saíram da DEPCA com os filhos e vão responder em liberdade por abandono de incapaz.