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O ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (PT-MS) deixou nesta sexta-feira (18) a carceragem da superintendência da Polícia Federal em Brasília para cumprir pena na sede do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar do Distrito Federal (BPTrans). De acordo com o porta-voz da PM do DF, capitão Michello Bueno, ele chegou ao batalhão às 10h25.
A sede do BPTrans fica próxima ao Palácio do Buriti, sede do governo local, a alguns quilômetros da Esplanada dos Ministérios.
Delcídio está preso desde 25 de novembro, acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. O parlamentar, que está com a filiação partidária suspensa pelo PT, cumpre prisão preventiva, sem prazo para acabar. Na última sexta (11), o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a transferência de Delcídio da carceragem da superintendência da Polícia Federal em Brasília para um quartel da PM do DF. O pedido de transferência foi formalizado pela defesa de Delcídio.
Ao decidir nesta quinta-feira (17) manter o senador do PT na cadeia, o ministro da Suprema Corte alegou que não houve “mudança no estado dos fatos” que autorizasse a revogação da prisão ou regime mais brando de restrição da liberdade.
De acordo com a Procuradoria Geral da República, que já denunciou Delcídio ao STF, ele operou para dificultar a delação premiada do ex-diretor da estatal do petróleo Nestor Cerveró com o objetivo de evitar que viesse à tona o seu envolvimento nas irregularidades cometidas na compra, por parte da Petrobras, da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Uma gravação feita pelo filho de Cerveró, revelada pela PGR, mostra que o parlamentar petista chegou a oferecer uma rota de fuga para o ex-dirigente da petroleira deixar o país, evitando assim que ele fizesse a delação premiada.
Na superintendência da PF, o petista estava em uma sala administrativa que, geralmente, é utilizada por servidores de plantão, e não possui cama nem banheiro. A PF improvisou um colchão de solteiro para ele dormir. Na sede da PF em Brasília, ele recebia a mesma alimentação que é oferecida aos demais presos da carceragem de passagem. Conforme a PF, ele não tinha acesso a celular, televisão e internet.
BPTrans
A sede do Batalhão de Trânsito onde Delcídio ficará preso é um alojamento de oficiais com dois quartos. Cada quarto tem duas beliches e um armário pequeno. Entre os dois quartos há um banheiro, uma sala média com sofá e mesa de jantar, além de uma área que se aproxima de um quintal, destinada ao banho de sol, e que conta com um tanque para lavar roupa.
Novo advogado
Delcídio do Amaral abriu uma nova frente de defesa na Operação Lava Jato e contratou um advogado especialista em delações premiadas: Antônio Figueiredo Basto. O criminalista irá atuar na defesa do parlamentar ao lado do advogado Mauricio Leite.
Basto ficou nacionalmente conhecido após fechar delações relevantes para as investigações na Lava Jato, entre as quais a do doleiro Alberto Youssef e a do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa.
Advogados da Lava Jato entendem que a negociação com a nova defesa sinaliza que Delcídio está disposto a fechar delação premiada – contar o que sabe em troca de redução de pena.
As tratativas com a Procuradoria Geral da República ainda não começaram, mas a defesa avalia que uma delação ainda não está descartada, já que a família de Delcidio o pressiona bastante para entregar o que sabe e tentar sair da cadeia.