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Política
04/07/2015 11:23:00
Revelação traz novo dilema para Dilma
Ficou claro o objetivo da NSA no Brasil

Helio Gurovitz/PCS

As revelações – feitas hoje simultaneamente pelo site Wikileaks, pelo site The Intercept e pela Globonews – dos alvos no governo brasileiro da espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA), dos Estados Unidos, impõem um novo dilema ao governo da presidente Dilma Rousseff. Em sua visita da semana passada aos Estados Unidos, ela procurou dar por encerrada a crise criada em 2013 com a notícia de que fora espionada pela NSA.

A natureza dos nomes divulgados hoje mostra que Dilma pode ter cometido um enorme equívoco ao acreditar nos argumentos da diplomacia americana. "As novas revelações se estendem muito além das anteriores e deverão dar novo vigor às tensões”, afirma no site The Intercept o jornalista Glenn Greenwald, responsável pela divulgação dos arquivos vazados pelo ex-prestador de serviços da NSA Edward Snowden.

Para convencer Dilma, os diplomatas americanos, e o próprio vice-presidente Joe Biden em visita ao Brasil, sempre afirmaram que a natureza da espionagem da NSA nunca fora econômica.

Os Estados Unidos, diziam, estavam preocupados em combater o terrorismo, não em obter segredos financeiros, a não ser que eles tivessem relação com o financiamento ao terror. Em resposta ao jornal The Washington Post, a NSA argumentava que “o departamento (de Defesa, de que a NSA faz parte) *não* promove espionagem econômica em qualquer domínio, inclusive ciber (digital)”.Diante da revelação da espionagem na Petrobras e no Ministério das Minas e Energia, o diretor de Inteligência Nacional James Clapper afirmou que “não era segredo que a comunidade de inteligência coleta informações sobre assuntos econômicos e financeiros e financiamento de terroristas”.

Ele dizia que não usavam “recursos de inteligência para roubar segredos comerciais de empresas estrangeiras” em benefício das americanas.Em 2013, como todos os nomes com que a presidente Dilma mantivera contato estavam riscados no documento divulgado, era até possível acreditar de boa fé na versão da diplomacia americana.

Agora, tal crença se torna mais difícil. Os documentos trazidos hoje à tona associam ao código S2C42 (o mesmo de 2013) e ao código S2C41 os nomes de sete altos funcionários do Ministério da Fazenda (entre eles o atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa), do então ministro da Casa Civil Antônio Palocci (elo do PT com o empresariado), dos embaixadores em Paris, Berlim e em Genebra (sede da Organização Mundial do Comércio), fora assessores de Dilma e até o avião presidencial.

O que grampear tais nomes pode ajudar no combate ao terrorismo? Veremos agora com que conversa o governo do presidente Barack Obama tentará convencer a presidente Dilma.