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Tecnologia
05/08/2014 11:15:30
Mais eficientes, freios CBS devem ajudar a reduzir acidentes com motos
Para colocar um freio na escalada de acidentes com motocicletas, a Honda introduziu em seu modelo mais vendido no Brasil o sistema de frenagem combinada

G1/AB

Para colocar um freio na escalada de acidentes com motocicletas, a Honda\n introduziu em seu modelo mais vendido no Brasil o sistema de frenagem \n combinada. Batizado de CBS, (as iniciais do sistema em inglês, Combined \n Braking System), ele permite distribuir o poder de frenagem nas duas \n rodas por meio de um único comando que, no caso da nova versão da CC 150\n Titan, é o pedal de freio. Até a chegada do CBS, só o freio da roda \n traseira entrava em ação dessa forma.
\n \t Ao contrário de carros, caminhões e ônibus, motos em geral são como \n bicicletas, ou seja, têm comandos separados de freio para cada roda \n (pedal e alavanca do guidão). Há cerca de quatro décadas, muita pesquisa\n tem sido dedicada ao ato de frear. A busca é não apenas para reduzir os\n espaços de frenagem, o que significa maior eficiência, mas também para \n permitir que o sistema funcione bem independente da experiência e \n habilidade do condutor.\n \n \t O maior problema por trás dos acidentes que acompanham o boom de vendas\n de motos, especialmente nas regiões norte e nordeste do Brasil, decorre\n da má formação dos motociclistas. As maiores vítimas são os \n recém-habilitados que cumpriram um teste prático que não exige \n qualificado conhecimento de condução. As autoescolas instruem o \n candidato a jamais usar a alavanca da direita do guidão, que aciona o \n freio dianteiro, alimentando a crença popular de que ele é responsável \n por capotamentos. Novatos do guidão pouco sabem sobre como reduzir \n adequadamente a velocidade: em piso seco, 70% da força deve ser aplicada\n no manete, ou seja, no freio dianteiro, e 30% no pedal, o freio \n traseiro. Com as escolas prestando tal desserviço, o panorama é \n aterrorizante.\n \t Uma CG 150 Titan equipada com o novo sistema, o CBS, poderá salvar \n muitas vidas? Sim, mas não tantas quanto poderia, pois ainda entrarão em\n cena a irresponsabilidade dos motociclistas e seus pares no trânsito, a\n inabilidade derivada da má formação, o descaso para com os equipamentos\n de segurança individuais e a própria natureza do veículo, que cobra \n caro por qualquer erro de quem o conduz. Melhor com CBS do que sem ele.\n \n \t Em teste realizado pelo Instituto Mauá de Tecnologia, uma frenagem \n evitando o travamento da roda de 60 a 0 km/h em uma CG 150 Titan com \n CBS, usando apenas o pedal de freio, teve melhor resultado que o mesmo \n modelo sem o sistema: a distância de imobilização da moto foi 10 metros \n inferior. O mesmo teste, mas permitindo o travamento de roda, resultou \n em vantagem ainda maior: a CG com CBS parou em 27,3 metros, enquanto a \n CG sem o CBS percorreu 41,4 metros.Por que não o ABS?
\n \t A diferença entre o sistema CBS e o ABS (ou a conjunção dos dois \n sistemas, chamada de C-ABS) é que a novidade que equipa a Titan não \n impede o travamento como faz o ABS, mas apenas permite que a ação de \n freio seja distribuída nas duas rodas. Ao pisar no pedal da Titan com \n CBS, o freio dianteiro receberá 25% da capacidade de desaceleração \n possível, com os restantes 75% surgindo apenas quando o condutor acionar\n a alavanca de freio na manete direita do guidão. Deste modo, mesmo quem\n não conhece a correta técnica de frear uma moto desfrutará de \n eficiência muito maior.\n \t A ação da Honda ao propor sua motocicleta mais popular com o CBS é \n inciativa inédita no âmbito das motos utilitárias no país e também no \n mundo, mas não nos scooters à venda no Brasil: o Honda Lead e PCX dispõe\n do CBS, assim como a nova versão do scooter Citycom 300i da Dafra. Mas \n apenas a partir das 300 cilindradas é possível ter o sistema ABS (como \n opcional). Já a combinação da frenagem integral, nas duas rodas, com o \n ABS é exclusiva das motos de alta cilindrada.\n \n \t A Honda tem duas razões principais para adotar o CBS em detrimento do \n ABS. Uma delas tem relação com o maior custo do sistema ABS, que poderia\n aumentar o preço da pequena 150cc acima dos 10% como ocorre nas Honda \n CB 300R e XRE 300. Outra razão é de ordem prática, e leva em conta \n particularidades do uso das pequenas 125 e 150cc no Brasil, que acabam \n enfrentando muitas estradas sem pavimentação. Nessa situação, os freios \n ABS seriam “tiro no pé”, pois aumentam excessivamente o espaço \n necessário para a imobilização. O que comprova isso é que motos de uso \n misto, caso da aventureira BMW F 800 GS e suas pares, permitem o \n desligamento o ABS para uso off-road.\n \n \t Outro aspecto importante da decisão da Honda vem do fato de que o CBS \n será um item de série na CG 150 Titan, sem que isso implique em repasse \n integral do preço da nova tecnologia ao consumidor final. Antes, a moto \n era vendida por R$ 7.500 (ESD) e R$ 8.000 (EX). Com a introdução do CBS,\n de série, os preços subiram em R$ 180, passando a R$ 7.680 (ESD) e R$ \n 8.180 (EX).\n \n \t Com esse importante passo em direção a uma maior segurança de moto \n líder de vendas em nosso mercado é de se esperar que outros fabricantes \n proponham tecnologia semelhante. Isso certamente resultaria em veículos \n mais seguros para erradicar – nem que seja na marra – o péssimo e \n perigoso hábito de pouco ou nada usar o freio dianteiro, responsável \n maior pela potência de frenagem principal de qualquer veículo, \n especialmente a motocicleta.