Sábado, 3 de Maio de 2025
Mundo
25/06/2012 06:54:17
Após troca de presidente, Paraguai tenta conter crise com vizinhos
Nove países latinos rejeitam processo e não reconhecem novo presidente. Paraguai pode enfrentar sanções e paralisações convocadas por oposição.
\n \n O\n novo presidente do Paraguai, Federico Franco, que assumiu o poder na sexta (22)\n após o controverso processo de impeachment de Fernando Lugo, terá uma semana\n decisiva para convencer os países vizinhos e evitar o isolamento do país na\n região. Nove dos países sul-americanos, incluindo o Brasil, rejeitaram o\n julgamento político do ex-presidente, destituído em menos de 36 horas, e não\n reconhecem Franco como presidente (veja quadro).\n \n A\n crise se agravou durante o fim de semana, quando muitos destes países\n resolveram chamar seus embaixadores para consultas ou simplesmente retirá-los\n do país.
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\n O Paraguai foi suspenso temporariamente do Mercosul e da Unasul (União das\n Nações Sul-Americanas) até que a "ordem democrática seja\n restabelecida". O Paraguai também teve suspensa sua participação na cúpula\n do Mercosul, que ocorre na sexta-feira (29), em Mendonza, na Argentina. A\n decisão foi tomada em conjunto por Argentina, Brasil, Uruguai, Venezuela,\n Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru.\n \n A\n decisão ocorre apenas um dia após Franco, em sua primeira entrevista à imprensa\n internacional, no sábado (23), ter dito que o país iria à reunião do grupo.\n \n Por\n sua vez, o ex-presidente Lugo, que inicialmente aceitou a votação no Congresso,\n disse no domingo que o novo governo é ilegítimo, e garantiu que ele iria à\n cúpula do Mercosul. Lugo também rejeitou o aceno do seu ex-vice-presidente, que\n pediu ajuda para gerenciar a crise com os vizinhos.\n \n Petróleo e paralisações
\n Internamente, o novo presidente também pode enfrentar sanções econômicas, como\n o corte no fornecimento de petróleo venezuelano anunciado pelo presidente Hugo\n Chávez no domingo.\n \n O\n presidente da Petropar, a estatal de petróleo paraguaia, Sergio Escobar, disse\n ao diário “ABC Color” que o país tem reservas de petróleo que garantem o\n abastecimento do país por ao menos dois meses, além de contratos com outras\n empresas, como a Petrobras.\n \n Já\n a Frente pela Defesa da Democracia, que reúne partidos de esquerda,\n centro-esquerda e movimentos sociais do Paraguai, promete uma série de atos e\n paralisações pelo país pela renúncia do novo presidente e o retorno de Lugo.\n \n Brasil
\n O Ministério de Relações Exteriores anunciou sábado que convocou o embaixador\n do Brasil no Paraguai para consultas e considerou como "rito sumário"\n a destituição de Lugo. A presidente Dilma Rousseff fez uma reunião ministerial\n de emergência para discutir a crise.\n \n Mais\n cedo, o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o Brasil\n deve seguir a posição da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) no caso e não\n descartou sanções. A cúpula presidencial da Unasul, que analisará a crise no\n Paraguai após a destituição do presidente Fernando Lugo, será realizada na\n quarta-feira (27) em Lima, no Peru.\n \n A\n Colômbia também anunciou que chamará o seu embaixador no Paraguai para\n consultas.
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\n Crise no Paraguai
\n Federico Franco assumiu o governo do Paraguai na sexta-feira (22), após o\n impeachment de Fernando Lugo. O processo contra Lugo foi iniciado por conta do\n conflito agrário que terminou com 17 mortos no interior do país. A oposição\n acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira\n "imprópria, negligente e irresponsável".\n \n Ele\n também foi acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, como\n ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo das Forças Armadas e\n não ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado Exército do\n Povo Paraguaio, responsável por assassinatos e sequestros durante a última\n década, a maior partes deles antes mesmo de Lugo tomar posse.\n \n O\n processo de impeachment aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal\n Radical Autêntico, do então vice-presidente Franco, retirou seu apoio à\n coalizão do presidente socialista. A votação, na Câmara, aconteceu no dia 21 de\n junho, resultando na aprovação por 76 votos a 1 – até mesmo parlamentares que\n integravam partidos da coalizão do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, à\n tarde, o Senado definiu as regras do processo.\n \n Na\n sexta, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência. O placar pela\n condenação e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2\n abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia\n depois do impeachment de Lugo.\n \n Em\n discurso após o impeachment, Lugo afirmou que aceitava a decisão do Senado.\n Mas, neste domingo, Lugo voltou atrás, disse que não reconhece o governo de\n Federico Franco e que não deve, portanto, aceitar o pedido do novo presidente\n para ajudá-lo na tarefa de explicar a mudança de governo a países vizinhos.
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