Mundo
24/06/2012 09:51:00
Brasiguaios temem retaliação de Dilma ao Paraguai
Na tentativa de evitar a destituição de Lugo, a presidente Dilma Rousseff afirmara horas antes que havia "previsão de sanções" aos países que não cumprissem "os princípios que caracterizam uma democracia".
BBC/Brasil/PCS
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Imigrantes brasileiros têm receio de que Brasil adote sanções contra o Paraguai devido ao impeachment de Fernando Lugo (Foto: AFP)
\n Há 17 anos no Paraguai, o empresário paranaense Lindor Kubitz também condena\n possíveis sanções ao país. "Tirar o Paraguai do Mercosul é uma bobagem. A\n Dilma só ouviu o Lugo, agora tem que ouvir o outro lado". Segundo ele, o\n ex-presidente estava isolado e fazia uma péssima gestão. "O governo parou,\n o Congresso o boicotava e nem o Exército estava ao seu lado", diz. Também\n sentada à mesa, sua esposa, Kelly, ecoa uma das queixas do pecuarista Rosa:\n "Ele (Lugo) sustentava os carperos (sem-terra)".\n \n Há uma semana, 18 pessoas - entre policiais e sem-terra - morreram durante a\n reintegração de posse de uma fazenda próxima à fronteira com o Brasil. O\n conflito foi uma das razões citadas pelos congressistas para destituir Lugo.\n Apesar da violência no campo, o casal diz que o Paraguai está mais estável hoje\n do que quando chegaram. Eles lembram a convulsão social que antecedeu outro\n impeachment, o do presidente Raúl Cubas, em 1999. "Naquela época, ficamos\n uma semana trancados em casa", diz Kelly.\n \n Credibilidade em risco
\n Mas nem todos os\n brasiguaios na churrascaria aprovaram a queda de Lugo. O dono do restaurante, o\n também paranaense Valdinarte Cardoso, diz que a rapidez com que ela se deu\n "afetou a credibilidade do Paraguai". "Um país que tira um\n presidente em 48 horas pode tirar uma multinacional em 24", afirma "dom"\n Cardoso, como é chamado por seus empregados. "O mandato dele terminaria no\n ano que vem, poderiam ter esperado".\n \n No Paraguai há 26 anos, Cardoso tem, além do restaurante, seis empresas no\n país, com 360 funcionários. Ele afirma que Lugo "fez um grande favor ao\n Paraguai ao não atrapalhar o crescimento da economia". Nos últimos três\n anos, o PIB paraguaio teve algumas das maiores taxas de crescimento entre\n países da América Latina. Segundo ele, o impeachment interrompeu um círculo\n virtuoso no país.\n \n Cardoso diz, porém, que os avanços nos últimos anos justificam que o\n Paraguai seja visto com outros olhos pelos brasileiros. "É fácil falar mal\n do Paraguai, mas enquanto no Brasil leva oito anos para o governo tirar\n invasores de uma fazenda, aqui leva 35 dias". A conversa é interrompida\n para que ele dê uma bronca num churrasqueiro paraguaio. "Todo dia tenho\n que falar a mesma coisa: quando vocês vão aprender a tirar a carne no ponto\n certo?"
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