Mundo
24/06/2012 07:01:06
Brasil discute afastar Paraguai do Mercosul como punição por impeachment
O Brasil decidiu chamar de volta o embaixador brasileiro em Assunção para consultas. Na diplomacia, esse tipo de convocação é sinal de crise ou, no mínimo, de problema nas relações bilaterais.
Folha/PCS
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\n \n O Brasil e outros membros da Unasul (União das Nações Sul-Americanas)\n negociam suspender o Paraguai de órgãos multilaterais como forma de punir o\n país pela destituição-relâmpago de Fernando Lugo na sexta-feira. \n \n A punição deverá valer inicialmente até a eleição de um novo presidente,\n prevista para abril do ano que vem. \n \n O Brasil decidiu chamar de volta o embaixador brasileiro em Assunção para\n consultas. Na diplomacia, esse tipo de convocação é sinal de crise ou, no\n mínimo, de problema nas relações bilaterais. O Uruguai fez o mesmo. \n \n Já a Argentina anunciou a retirada de seu embaixador até que se\n "restabeleça a ordem democrática". \n \n Neste sábado, o governo brasileiro condenou a celeridade do processo contra\n Lugo, que durou cerca de 30 horas, ainda que tenha seguido preceitos\n constitucionais. Em nota, o Itamaraty falou em ruptura da ordem democrática. \n \n O tamanho do castigo ao país hoje governado por Federico Franco, então vice\n de Lugo, começará a ser definido no próximo fim de semana, na Argentina, quando\n ocorre reunião do Mercosul. \n \n Segundo a Folha apurou,\n Brasil, Argentina e Uruguai cogitam não aceitar a presença do Paraguai na\n reunião-ainda que ontem o governo paraguaio tenha expressado querer usar o\n encontro para elucidar a situação. \n \n A diplomacia brasileira evita usar o termo "golpe" para descrever\n o impeachment de Lugo, apesar de o vocábulo ter sido atribuído à presidente\n Dilma Rousseff por alguns de seus interlocutores. \n \n O impedimento de um mandatário por "mau desempenho da função" é\n previsto pela Constituição paraguaia. \n \n No final da tarde de sábado, Dilma discutiu o caso com o chanceler Antonio\n Patriota e os ministros Celso Amorim (Defesa) e Edison Lobão (Minas e Energia).\n Também estavam presentes Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência para\n assuntos internacionais, e o chefe do lado brasileiro de Itaipu, Jorge Samek. \n \n "LIÇÃO PEDAGÓGICA" \n \n Os chanceleres da Unasul que estiveram na sexta-feira em Assunção retornaram\n de lá propensos a dar uma "lição pedagógica". \n \n Disseram que os políticos da oposição paraguaia, hoje no poder, se\n aproveitaram de um momento de vulnerabilidade do mandatário --o confronto entre\n policiais e sem-terra que resultou em 17 mortes, no dia 15 de junho. \n \n Durante a visita ao país, alguns diplomatas comentavam que a TV do Senado\n paraguaio, antes da votação, já transmitia uma das fases do processo de impeachment\n sob o título "leitura da condenação do presidente Lugo". \n \n Para interlocutores do governo brasileiro que acompanharam a reunião da\n Unasul anteontem, são remotas as chances de se revogar a nomeação de Federico\n Franco. Segundo a Constituição paraguaia, o vice é o encarregado legal de fazer\n a ponte do Executivo com o Legislativo. \n \n Na sexta, Dilma disse que o Mercosul e a Unasul são órgãos com cláusulas\n democráticas nos seus estatutos. Indicando o possível desfecho, ela disse haver\n "previsão de sanção" para quem não cumprir "os princípios que\n caracterizam uma democracia". \n \n
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