Sábado, 3 de Maio de 2025
Polícia
07/04/2014 06:21:29
Aparelho que bloqueia sinal de alarme de carro "está em voga", diz delegado
Dispositivo é usado por bandidos para entrar em veículos e cometer furtos. Fantástico mostra como funciona e flagra a venda do chamado "chapolim".

G1/PCS

Imprimir
Homem que vende bloqueador de alarme diz ter enganado policiais (Foto: Fábio Almeida/RBS TV)
Um aparelho que bloqueia o sinal do alarme de carros vem sendo usado em\n furtos no Rio Grande do Sul. A Polícia Civil alerta que a prática vem sendo\n adotada em larga escala por criminosos, e a reportagem do Fantástico flagrou a\n obtenção de um dispositivo sem dificuldades em Porto Alegre.\n \n "Não temos estatística ainda deste tipo de crime, embora saibamos que\n está muito em voga. É uma febre hoje, porque diariamente batem à nossa porta\n vitimas que tiveram o carro arrombado e até mesmo levado, muito provavelmente\n por este tipo de crime", disse o delegado Juliano Ferreira, titular da\n Delegacia de Roubos da Polícia Civil gaúcha.\n \n Conhecido entre os criminosos apenas como "chapolim", o dispositivo\n bloqueia o sinal do alarme ao ser acionado próximo a um veículo. Assim, impede\n que as portas sejam trancadas pelo controle remoto da chave. Segundo o delegado\n André Mocciaro, os criminosos acionam o aparelho a cerca de 15 metros do\n veículo.\n \n "Acionando o dispositivo, a pessoa vai acionar o veiculo para fechar,\n no seu controle particular, e o carro não tranca. O carro não aceita o comando\n do alarme, seja original, seja o colocado. Após a pessoa sair e acreditar que o\n veiculo ficou trancado, ele vem e simplesmente abre o veiculo, se serve de tudo\n o que tiver dentro, fecha o veiculo e vai embora", explica Mocciaro.\n \n O "chapolim" foi encontrado à venda em São Paulo e Porto Alegre.\n Na capital gaúcha, a reportagem gravou uma conversa com um golpista que vendia\n o dispositivo. Durante a conversa, o aparelho foi testado no meio da rua.\n \n Vendedor: bloqueia a frequência, não deixa fechar o carro.\n \n Repórter: e quanto é que está este aí?\n \n Vendedor: está R$ 1,6 mil.\n \n O golpista revela que aproveita dias de jogos de futebol na capital gaúcha\n para furtar os carros.\n \n Vendedor: ali no jogo do Grêmio eu peguei tanto bagulho que\n tu nem imagina. Enchi meu carro. (...) Peguei um monte de rádios, destes que\n saem.\n \n O homem também diz ter enganado policiais.\n \n Vendedor: a polícia já me pegou com isso aí, meu. (...) Eu\n uso na chave do carro, isso aqui é o alarme da tua casa. Eles não vão\n desconfiar disso aqui.\n \n O aparelho é oferecido em sites de compra na internet como um controle\n remoto. A polícia e o Instituto Geral de Perícias (IGP) investigam como chegou\n às mãos dos bandidos brasileiros.\n \n "O IGP não conseguiu identificar qual é a procedência e não temos ainda\n identificado qual é o uso real deste equipamento. Por enquanto, estamos\n acreditando que ele tenha uma utilização produtiva, e não somente este uso\n criminoso", diz Mocciaro.\n \n O empresário Luiz Gustavo Finger diz ter tido R$ 5 mil em equipamentos\n furtados devido ao aparelho. Ele conta que estacionou o carro em um shopping\n center apenas para comprar um lanche antes de ir à aula. Ele afirma ter\n escutado o som do alarme sendo acionado no veículo, que havia deixado com a\n porta trancada.\n \n "E saí normalmente, como se o carro tivesse lacrado. Quando eu\n retornei, apertei o alarme, ele abriu as travas, o carro estava normal. Sem\n indícios de arrombamento, sem indícios de nada", contou.\n \n Enquanto Finger comprava o lanche, os bandidos invadiram o carro e levaram\n equipamentos eletrônicos, roupas e acessórios. "Em cerca de 15 minutos os\n caras conseguem depenar o carro", lamenta.\n \n Segundo peritos do Instituto de Criminalística do Rio Grande do Sul, o\n equipamento embaralha os sinais eletromagnéticos enviados quando alguém tenta\n trancar o carro. Aparelhos parecidos podem até mesmo copiar o código de\n segurança da chave, como se o ladrão ganhasse acesso sem restrições a qualquer\n veículo.\n \n "Eles estão praticando um furto através da tecnologia. É a tecnologia a\n serviço do crime", lamenta o delegado Juliano Ferreira.\n \n Em dezembro do ano passado, a polícia prendeu um suspeito de cometer o golpe\n em Porto Alegre. No apartamento dele, estavam objetos retirados de veículos e o\n bloqueador de alarme.\n \n Imagens de câmeras de segurança mostram o homem no elevador do prédio onde\n mora em porto alegre. Segundo a polícia, prestes a cometer mais um furto. Após\n acionar o bloqueador de dentro do prédio, ele sai, invade um carro, retira uma\n mochila e sai caminhando normalmente.\n \n O homem acabou sendo solto em menos de 24 horas, e responde em liberdade por\n furto qualificado e pode pegar até oito anos de prisão. Na última quarta-feira\n (9), dois homens foram presos por suspeita de furto na capital gaúcha e, com\n eles, foi apreendido um aparelho semelhante.\n \n Recomendações da polícia
\n A Polícia Civil orienta aos motoristas que, após acionarem o alarme, voltem até\n o veículo e verifiquem se as portas ficaram mesmo trancadas. A polícia lembra\n que, se o bloqueador está acionado, não é possível ouvir o barulho do\n travamento das portas e nem o acionamento do alarme.\n \n Trancas eletrônicas modernas geram códigos diferentes a cada vez que são\n acionados. Assim, a clonagem não funciona. Mas a prevenção pode ser feita de\n forma mais simples. "O acionamento mecânico do veículo, seja na chave,\n seja baixando o pino do carro, impede a utilização desse equipamento\n também", lembra o delegado.
COMENTÁRIO(S)
Últimas notícias