Sexta-Feira, 2 de Maio de 2025
Polícia
20/10/2023 13:53:00
Caminhão com maconha escoltado por policiais do RJ saiu de Campo Grande

CE/LD

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O caminhão com 16 toneladas de maconha que foi escoltado e negociado por policiais civis do Rio de Janeiro, alvos de uma operação nesta quinta-feira (19), viajou disfarçado como se fosse um carregamento de 16 mil quilos de frango congelado e saiu de Campo Grande, conforme reportagem do jornal Extra, do Rio de Janeiro

Nesta quinta-feira, uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio (MPRJ) prendeu quatro agentes da Polícia Civil e um advogado por envolvimento no crime, eles são acusados de tráfico de drogas e corrupção.

Segundo a investigação, os policiais usaram duas viaturas ostensivas da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) para abordar o caminhão, que veio de Mato Grosso do Sul carregando o entorpecente.

Conforme a reportagem do jornal carioca, a nota fiscal do serviço de carga indicava que o "frango" seria levado para um frigorífico em Niterói. O motorista saiu de Campo Grande no dia 6 de agosto rumo ao destino na região metropolitana do Rio. Dois dias depois, na altura de Lavrinhas (SP), às 14h30, seis policiais abordaram o veículo, segundo a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Depois de desembarcarem de dois corollas com caracterização da DRFC, eles pediram a nota fiscal da mercadoria. O condutor alegou que transportava carne, mas os agentes falaram que receberam uma denúncia de que sua carga era de maconha.

Um policial que se identificou como Jorge entrou na cabine, onde permaneceu até o Rio. Na altura de Piraí, oito agentes da PRF — com informações da inteligência — pediram para o comboio parar. O policial no banco do carona apresentou o distintivo, informou que o condutor estava preso e conseguiu a liberação rumo à Cidade da Polícia, onde chegou às 18h30.

Segundo a denúncia do MPRJ, assim que o motorista foi abordado pelos policiais, ele comunicou ao chefe que estava sendo levado para a Cidade da Polícia, onde a negociação com o traficante aconteceu.

De posse do telefone do motorista, os agentes fizeram contato com o criminoso, que ofereceu R$ 300 mil em troca da não realização do flagrante. Eles também pediram a liberação do veículo apreendido e a identificação da pessoa que teria delatado aos policiais o transporte das drogas, chamado de “X-9”.

No dia seguinte, o caminhão foi levado até uma comunidade, onde foi descarregado a 1h da manhã. Para chegar ao local, o veículo foi escoltado por duas viaturas, além de uma caminhonete e um carro hatch escuro, onde estaria o advogado. Rastreios indicam que o local escolhido foi a comunidade de Manguinhos, vizinha à Cidade da Polícia. A descarga durou três horas.

Depois, o condutor foi liberado e dois mototaxistas escoltam o motorista até a saída do local, próximo à Avenida Brasil.

Na parte da tarde, a PRF aborda o caminhão na altura de Resende, no sentido São Paulo. Com a carga vazia, o motorista apresentou nota fiscal com destino a Niterói, apesar de dizer ter descarregado no Rio.

Ele narrou aos agentes a escolta dos policiais civis e cães farejadores identificaram resquícios de droga na carga, o que foi confirmado por testes. Foi a partir da nota fiscal que a investigação concluiu a quantidade de drogas negociada pelos agentes, já que ela não foi localizada.

FLAGRANTE NA CAPITAL

Exatamente dois meses depois da saída desse caminhão com drogas de Campo Grande, uma operação da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Civil apreendeu um caminhão com 18 toneladas de carne bovina no qual foi encontrada 1,5 tonelada de maconha.

A apreensão, no dia 4 de outubro, ocorreu em um galpão no Jardim Noroeste. A polícia somente informou que seis pessoas foram presas, entre elas o proprietário da transportadora Heat Transfer, com sede em Marília (SP), que seria a responsável pela colocação das drogas em meio à carga de carne.

Para evitar a deterioração das carcaças, a polícia conseguiu autorização judicial para doar o material a 38 entidades de assistência social. Mas, enquanto a carne estava sendo distribuída, outra decisão judicial mandou devolver o carregamento ao proprietário.

Só que a decisão chegou tarde e 15,5 toneladas já haviam sido distribuídas. O restante foi devolvido. Agora, o proprietário da carne está exigindo, por meio de ação judicial, indenização pelo prejuízo. Ele quer que o Estado pague pela carne.

Caminhões que transportam carne resfriada trafegam com um lacre colocado ainda no frigorífico e nem mesmo a polícia tem autorização para romper esse dispositivo em caso de desconfiança. Porém, a quadrilha conseguia retirar as portas dos caminhões-baú sem romper estes lacres e coloca maconha e cocaína no meio das cargas.

Consultada, a PRF não informou se a investigação que começou ainda em agosto no Rio de Janeiro culminou na prisão das seis pessoas no começo de outubro em Campo Grande e na apreensão de outro carregamento.

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