\n \n O\n ex-aluno da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, que invadiu\n um alojamento do campus na noite de quarta-feira (28) e efetuou alguns\n disparos, relatou ao G1 por telefone nesta quinta-feira\n (29) que sofre bullying dos estudantes na universidade e na internet há pelo\n menos seis meses, depois que denunciou ter sofrido um suposto abuso sexual em\n um trote. Ele afirmou que foi armado à universidade porque estava com raiva.\n "Eu estava totalmente desequilibrado", disse.\n \n A\n Polícia Civil pediu a prisão temporária do jovem, que continua foragido. A USP\n informou, em nota, que vai reforçar a segurança na universidade com a ajuda da\n Polícia Militar a partir desta sexta-feira (30). Os estudantes do alojamento\n estão com medo de voltar ao local.
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\n Bullying
\n Segundo o rapaz de 23 anos, os alunos utilizavam as redes sociais para\n pressioná-lo. “Isso persistiu até a semana passada. Faziam palhaçadas com a\n minha foto e brincadeiras sem graça com fotos de animais. Eu estava tentando\n preservar o que restava da minha imagem”, contou.\n \n O\n ex-aluno do curso de ciências exatas, que trancou a matrícula após o episódio\n ocorrido em março, disse ainda que também sofria ameaças e difamações quando postava\n alguma crítica no Facebook em relação à situação que vivenciava. “Dei minha\n opinião em em um dos grupos sobre determinado assunto e disseram assim:\n ‘estupra, mas não mata’, se referindo a mim”, contou.
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\n O estudante disse que ficou cada vez mais revoltado com a hostilidade sofrida.\n Ele também afirmou que estava bem depressivo pelo fato de ter abandonado a\n faculdade. “Nem sou mais aluno e mesmo depois de ter saído continuaram me\n perseguindo. Eles sabiam que isso chateava, eu pedia para parar, mas não paravam”,\n relatou.\n \n Ele\n também acusou a universidade de ser omissa diante dos casos de violência.\n "A violência dentro da USP é uma coisa bastante descarada, vulgar. A\n universidade tem conhecimento disso, mas não toma providência, é bastante\n negligente. Foi um dos motivos que me fez desistir da universidade",\n afirmou. Procurada pelo G1, a USP não comentou as\n acusações.\n \n Tiros
\n O ex-aluno disse que foi à universidade durante a tarde de quarta-feira para\n acessar a internet do local. Ao chegar, se deparou com um dos estudantes que,\n segundo ele, participou das agressões no alojamento seis meses atrás. “Ele foi\n bastante hostil comigo e tivemos um bate-boca”, relatou.\n \n Segundo\n o ex-aluno, ele foi para casa com raiva e à noite voltou à USP, armado. Ele se\n recusou a falar quando e como conseguiu o revólver. Na universidade, disse ter\n encontrado outro estudante que também participou do incidente no alojamento. O\n rapaz acabou levando uma coronhada porque desobedeceu a ordem de ficar parado.
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\n “Ele fez um movimento brusco e me assustei. Eu estava com arma abaixada, não\n apontada. Foi uma forma de intimidar. Eu não pensava em atirar. Dei uma\n coronhada e acabou disparando. O primeiro foi acidental, depois o pessoal\n começou a correr, disparei mais duas vezes. Na minha cabeça passou pouca coisa\n aquela hora, a consciência mesmo estava nula. Não pensava em muita coisa”,\n contou.
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\n O ex-aluno disse que atirou para o alto sem mirar em ninguém, mas que tomaria\n outra atitude como reação de defesa caso tentassem tomar a arma dele. Disse\n ainda que foi a primeira fez que atirou. Os disparos acertaram as paredes e as\n janelas do alojamento, mas não atingiram ninguém. O estudante que levou a\n coronhada foi socorrido à Santa Casa, medicado e liberado.\n \n “Eu\n não estava mais respondendo por mim. Quando atirei não, pensei em nada, estava\n totalmente desequilibrado. Eu me sinto vítima, não tenho culpa disso. Se estou\n desequilibrado, é porque o pessoal não para de me atormentar", declarou.\n \n Fuga
\n O estudante contou que após a ação fugiunbsp; de bicicleta para Araraquara,\n que fica a 43\n quilômetros de São Carlos, e que dormiu sentado na\n rodoviária. “Tentei procurar um hotel para ficar, mas não achei nenhum de custo\n acessível. Comi um lanche, estava com pouco dinheiro, fiquei até certo horário\n e depois peguei um ônibus”, relatou. Ele afirmou que se desfez da arma, mas não\n deu detalhes.
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\n O jovem disse que não falou nada para o pai, que mora na capital, porque ele\n sofre com problemas de saúde. Para a mãe, contou apenas que aconteceu algo, mas\n sem se aprofundar.
\n O estudante ressaltou que não irá se apresentar à polícia até ligar para a\n universidade nos próximos dias para fazer algumas cobranças, principalmente em\n relação ao que foi apurado na sindicância sobre o susposto abuso.
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\n “Eu torço para que as pessoas que cometeram o erro se arrependam porque estão\n me dando esse transtorno há muito tempo, o que mexe com o meu psicológico. É\n divertido para eles ficar me aborrecendo”, concluiu.
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\n Suspensão das aulas e segurança
\n A Universidade de São Paulo (USP) suspendeu as aulas de graduação em São Carlos nesta\n quinta-feira (29), para garantir a segurança dos estudantes. Em nota, divulgada\n durante a tarde, a assessoria de imprensa informou que, após uma reunião entre\n dirigentes do campus e a PM, foi decidido que a segurança será intensificada.
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\n "Como providência imediata, foi definida a intensificação da fiscalização\n e do patrulhamento no interior e ao redor do campus, através do trabalho\n conjunto entre a Superintendência de Prevenção e Proteção Universitária da USP\n e a Polícia Militar, tendo como objetivo uma maior percepção de\n segurança", diz um trecho da nota.\n \n \n \n \n