A definição de uma fórmula de reajuste da gasolina e do diesel, para\n reforçar o caixa da Petrobras e garantir o cumprimento de seu plano de\n investimento, causou desconforto entre a estatal e o Ministério da Fazenda. \n \n A equipe econômica concorda em criar um mecanismo que dê\n "previsibilidade" para a Petrobras, mas não gostou da forma como o\n assunto foi tornado público nem do modelo aprovado pela diretoria da empresa. \n \n A Folha apurou que o ministro\n Guido Mantega (Fazenda) manifestou sua insatisfação durante conversas com\n diretores da estatal na sexta-feira passada, após a reunião do conselho de\n administração, órgão que é presidido por ele. \n \n Na avaliação de assessores presidenciais, a Petrobras pressionou\n "publicamente" o governo a aprovar sua proposta o quanto antes,\n quando ainda não havia autorização final para o modelo sugerido pela diretoria\n da estatal. \n \n Irritou o Ministério da Fazenda a forma como a Petrobras discutiu o tema na\n mais recente reunião do conselho de administração, registrando em ata que a\n diretoria da empresa havia aprovado uma fórmula de reajuste automático para\n gasolina e diesel. \n \n Com isso, a informação acabou sendo repassada oficialmente ao mercado por\n meio de fato relevante. \n \n Nele, a estatal diz que sua "diretoria-executiva deliberou sobre uma\n metodologia de precificação a ser praticada pela companhia", que foi\n "apresentada ao conselho de administração, que determinou a elaboração de\n simulações adicionais e estabeleceu o prazo de 22 de novembro para sua\n consideração". \n \n Na visão do governo, não havia motivos para divulgar oficialmente ao mercado\n acionário uma proposta que ainda não estava finalizada e que está sujeita a\n ajustes. \n \n Dentro da estatal, assessores argumentam que o ministro não pode afirmar que\n foi surpreendido com a discussão do mecanismo de reajuste automático, que já\n vinha sendo debatido nas últimas reuniões do conselho. \n \n Além disso, na quarta passada, antes da reunião, a presidente da Petrobras,\n Graça Foster, informou a Mantega que a diretoria da empresa apresentaria uma\n fórmula para avaliação. A equipe econômica não contava, porém, que ela fosse\n formalizada. \n \n Interlocutores de Graça Foster argumentam que ela tem deixado claro ao\n governo que não defende uma proposta que possa prejudicar o trabalhos da equipe\n econômica para conter a inflação. \n \n Procurados, Fazenda e Petrobras se limitaram a negar que haja\n desentendimento.\n \n \n