Veja/PCS
Imprimir
A Comissão Parlamentar de Inquérito do BNDES [Banco de Desenvolvimento Econômico e Social] aprovou nesta quinta-feira requerimentos de investigação que devem atingir o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), ex-ministro do Desenvolvimento. Os parlamentares aprovaram quebras de sigilo bancário, fiscal, telefônico e de e-mails da OPR Consultoria Imobiliária, que pertenceu a Pimentel, e da agência Pepper, que coordena a estratégia de comunicação digital do PT.
A Pepper contratou a primeira-dama de Minas Gerais, a jornalista Carolina Oliveira, por 440.000 reais, por "serviços de representação". Os pagamentos estão sob suspeita e são alvo de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público.
A Operação Acrônimo apura se Pimentel foi beneficiado por um grupo de empresários suspeitos de lavagem de dinheiro em contratos com o governo federal. Os sócios da agência Pepper, Daniele Fonteles e Amauri Teixeira, também são alvo do pedido de suspensão dos sigilos. O prazo é de dez anos, entre 2005 e 2015.
A CPI não votou, porém, os requerimentos de convocação do empresário Benedito Rodrigues Oliveira Neto, o Bené, amigo de Pimentel e suspeito de integrar o esquema de corrupção. Empresas dele mantiveram contratos milionários com o governo federal. Os pedidos foram retirados da pauta.
A CPI também mira nas viagens internacionais feitas pelo ex-presidente Lula e aprovou pedido para que sejam informados o corpo diplomático e o detalhamento de cada missão. E mais: os deputados ainda vão ouvir o ex-ministro do Desenvolvimento Miguel Jorge. A Polícia Federal vê indícios, conforme mensagens trocadas entre Jorge e executivos da construtora, de que o próprio Lula fez lobby em favor da empreiteira Odebrecht no exterior.
Na mesma sessão, a CPI aprovou pedido para que o banco de fomento detalhe o valor total dos recursos desembolsados em benefício do Grupo X, do ex-bilionário Eike Batista, e a relação de quais empresas da holding brasileira EBX, também de Eike, foram beneficiadas com financiamentos do BNDES. As suspeitas da comissão são de que o empresário foi beneficiado com mais de 10 bilhões de reais em crédito depois de suas empresas serem supostamente selecionadas pelo governo.
Nos requerimentos analisados nesta quinta, a CPI do BNDES também aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e de dados das transações que incluem o banco, a Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, e a Petrobras. A RNEST é um dos principais focos de corrupção detectados na Operação Lava Jato e uma das áreas de atuação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.