Domingo, 4 de Maio de 2025
Política
02/04/2016 11:45:00
Ex-ministro do STF denuncia 'ditadura dos partidos'

G1/AB

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O Dossiê Globonews leva ao ar neste sábado, às 19h05 (com reapresentação no domingo, às 14h39), uma entrevista com o ex-integrante do Supremo Tribunal Federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados Célio Borja, em que ele faz um apelo ao Congresso Nacional em defesa daquilo que seria uma grande novidade no cenário político brasileiro: a adoção de candidaturas independentes. Em resumo: qualquer cidadão brasileiro teria o direito de se lançar candidato a cargos no Legislativo no Executivo - inclusive à Presidência da República - sem precisar se filiar a partidos políticos.

O ministro diz que a existência de tais candidaturas seriam uma bela demonstração de liberdade no exercício de direitos políticos.

Borja usa palavras duras ao se referir ao cenário político: diz que os partidos exercem, hoje, uma "ditadura". Quem não se filiar não pode se candidatar a nada - nem no Legislativo nem no Executivo.

Em meio à fogueira do debate político que incendeia paixões, divide brasileiros e, por vezes, beira a irracionalidade, eis aí uma contribuição interessante: a existência de "candidaturas avulsas" deveria ser discutida, sim, pelo Congresso Nacional. Por que não?

O "problema" é que os partidos dificilmente aceitariam abrir mão do "poder" que hoje exercem sobre a escolha de candidatos.

Aos 87 anos, Célio Borja se enquadra no figurino do clássico liberal. Durante o regime militar, foi líder do governo Geisel na Câmara dos Deputados, mas se movia para tentar evitar, por exemplo, a truculência das cassações de mandatos.

Quando estava a ponto de naufragar nas ondas do impeachment, o então presidente Fernando Collor convocou, como se sabe, um "ministério de notáveis". Chamou Célio Borja para o Ministério da Justiça. Parlamentarista desde sempre, Borja aceitou o convite porque o presidente lhe atribuíra uma missão específica: tentar apressar a implantação do parlamentarismo no Brasil. Se, por acaso, o parlamentarismo fosse implantado no Brasil, o presidente reinaria mas não governaria. Viraria uma figura "cerimonial". Os planos parlamentaristas não chegaram a ser executados: a entrevista-bomba de Pedro Collor, irmão do presidente, à revista Veja sobre o esquema de corrupção no governo apressou a queda de Fernando Collor.

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