R7/PCS
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O deputado Júlio Lopes (PP–RJ), presidente da FPBC (Frente Parlamentar Brasil Competitivo), afirmou que organizações criminosas financiam parlamentares e ampliam influência na vida pública nacional. Para ele, tratar esse avanço como prioridade imediata é indispensável.
“Eu não tenho dúvida nenhuma. Agora, a gente precisa inclusive identificar aqueles parlamentares que estão sendo financiados pelo crime realizado”, declarou, destacando gravidade do cenário e a urgência de rastrear fluxos ilícitos e elogiando a aprovação do PL Antifacção.
O deputado ressaltou que o ambiente de insegurança amplia custos de diversos setores e reduz competitividade, alertando para despesas elevadas com segurança privada em escolas, hospitais, empresas e operadores logísticos, além de seguros muito superiores à média nacional.
“Só o seguro para o Rio de Janeiro custa 70% a 80% mais caro que qualquer outro destino do Brasil”, explicou. Lembrou ainda ocorrências contra empresas e transportadoras, citando o roubo de uma carreta com oito veículos blindados destinados a clientes do estado.
Ao tratar da expansão territorial e financeira das facções, Lopes apresentou dados que, segundo ele, ilustram transformação profunda da criminalidade organizada.
“No Rio de Janeiro, 157 km² têm mais de 4,4 milhões de cariocas sobre o julgo do tráfico e da milícia.” Em seguida, reforçou evolução desigual das duas estruturas. “A área de expansão do Comando Vermelho triplicou, enquanto a área da milícia caiu 35% nos últimos cinco anos.”
Lucro maior com internet do que com drogas
O deputado mencionou a atuação do Comando Vermelho em todas as 27 unidades da Federação e em 30 países, com arranjo hierarquizado. “Eu posso te dizer que o Comando Vermelho hoje, no Rio de Janeiro, ganha mais dinheiro com internet, com aplicativos de filme, do que com droga. Eles fazem mais de R$ 600 milhões por ano só em internet.”
Lopes lembrou da participação direta na construção do texto da PEC Antifacção, aprovada na Câmara na terça-feira (18). Disse ter colaborado com o relator, Guilherme Derrite (PP–SP), e com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos–PB).
“Eu não tenho dúvida de que essa lei antifacção vai colaborar muito. Eu ajudei muito o Derrite, ajudei muito o Hugo, estive lá o tempo todo no debate porque acho isso determinante para a questão da competitividade brasileira.”
Sobre trechos envolvendo o Funad (Fundo Nacional Antidrogas), Lopes descartou qualquer prejuízo à Polícia Federal.
“É uma falácia o que está se dizendo aí. Quer dizer, não tem nada contra a Polícia Federal. Nem nada que entre em demérito da sua ação ou da sua incapacitação ou da diminuição do financiamento à Polícia Federal do Brasil”, declarou.
Cooperação internacional e SpaceX
Durante a entrevista, o deputado defendeu instrumentos de cooperação internacional voltados ao enfrentamento de organizações com presença transnacional. Manifestou apoio à classificação das atividades dessas facções como terrorismo, por entender que essa definição facilitaria ações conjuntas, monitoramento e bloqueio de recursos em outros países.
“Eu acredito que precisamos de cooperação internacional, sim, e se terror fosse classificada essa atividade, nós teríamos essa cooperação internacional, porque o que se precisa fazer é a monitoração internacional desses recursos, o bloqueio internacional desses recursos.”
Lopes afirmou manter contato constante com organismos estrangeiros envolvidos em investigações sobre segurança e propriedade intelectual. Comentou também tratativas com a SpaceX para levar internet gratuita a comunidades de baixa renda, diminuindo receitas de facções ligadas a serviços clandestinos.
“Já tive reunião com a SpaceX para ver se a gente faz mais um programa gratuito durante um tempo para que as comunidades possam acessar a internet gratuita e descapitalizem um pouco essa enorme capitalização do crime organizado através do financiamento de internet e mídia social”, garantiu.
Sonegação
O deputado também apontou estimativas de perdas econômicas nacionais decorrentes de sonegação fiscal e esquemas ilícitos operados por facções.
“As perdas com a sonegação fiscal, com o crime organizado e com essas atividades chegam a R$ 437 bilhões anuais”, apontou.
Também informou que esse levantamento integra apresentação programada para o Conselho Superior da CNI (Confederação Nacional da Indústria), com foco nas ações da Frente Parlamentar de Defesa da Propriedade Intelectual e de Combate ao Crime Organizado.

