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Política
26/02/2018 11:00:00
Na Defesa, Jungmann atuou nos últimos anos em ações federais de combate à violência nos estados

G1/LD

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O ministro Raul Jungmann, que deixa a pasta da Defesa para assumir o novo Ministério da Segurança Pública, já vem atuando nos últimos anos em ações federais de combate à violência nos estados.

Como ministro da Defesa do governo Michel Temer desde maio de 2016, ele foi o responsável por coordenar as operações baseadas nos decretos de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que levaram homens das Forças Armadas a estados em crise de segurança pública.

Jungmann também foi um dos ministros mais próximos de Temer durante as conversas que levaram à intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, decretada há 10 dias. Ele foi enviado pelo presidente, junto com o ministro Moreira Franco, da Secretaria Geral da Presidência, para levar a proposta ao governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Desde então, tem participado de diversas reuniões para tratar da intervenção, que colocaram o ministro em evidência no governo e no noticiário.

O G1 apurou que Jungmann tinha interesse de trocar de pasta desde que o começaram as análises para a criação do Ministério da Segurança Pública. Neste domingo (25), após uma reunião com Temer para tratar da nova pasta, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou que o presidente buscava um nome "repercussão nacional" para ocupar o comando do ministério, com capacidade de diálogo com parlamentares e governadores.

À frente da Segurança Pública, Jungmann vai ser responsável pela Polícia Federal e pela Polícia Rodoviária Federal, que sairão da alçada do Ministério da Justiça. De acordo com o que vem dizendo Michel Temer, o novo ministério vai coordenar ações de combate à violência no país e integrar as polícias e serviços de inteligência dos estados, mas sem interferir na autonomia dos governadores.

Controle de armas

Jungmann é defensor do controle de armas. Na quinta-feira passada (22), o ministro foi questionado sobre a proposta de flexibilizar o estatuto de desarmamento, em análise no Congresso Nacional. Ele declarou ser contrário à medida.

"Não posso negar que sempre fui um defensor do controle de armas. Arma de fato é algo que tem ser muito controlado", disse. "Mais armas não significa, sem sobra de dúvida, mais segurança ou mais paz", completou.

Durante a gestão do ministro na Defesa teve início da negociação entre a fabricante de aeronaves norte-americana Boeing e a brasileira Embraer. O ministro, assim como Temer, se manifestou contra a tranasferência do controle acionário da companhia nacional, mas a favor de parcerias com empresas estrangeiras.

Carreira

Natural de Recife (PE), Raul Belens Jungmann Pinto, 65 anos, militou no antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB) na juventude. Ele foi filiado ao MDB entre 1972 e 1994, ficou no PPS até 2001, migrou para o PMDB e retornou em 2003 ao PPS, permanecendo na sigla até o momento.

Jungmann ocupou cargos de ministro no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e retornou à Esplanada com Temer. Secretário de Planejamento em Pernambuco no início dos anos 1990, Jungmann ganhou destaque no governo do tucano, no qual presidiu o Ibama e o Incra e foi ministro extraordinário de Política Fundiária e ministro do Desenvolvimento Agrário.

O ministro chegou a ser investigado por fraude em licitação, peculato e corrupção em contratos de publicidade da época em que esteve à frente da pasta do Desenvolvimento Agrário. Os contratos somavam R$ 33 milhões. A Justiça Federal arquivou o inquérito.

A projeção como ministro ajudou Jungmann a se eleger deputado federal por Pernambuco em 2002. Foi reeleito em 2006 e, quatro anos depois, concorreu a senador, porém não obteve êxito. Conseguiu um novo mandato eletivo em 2012, como vereador em Recife. Nas eleições de 2014, ficou entre os suplentes na Câmara dos Deputados.

Na atual legislatura, Jungmann exerceu o mandato de deputado entre 2015 e 2016. Na oposição ao governo de Dilma Rousseff, defendeu o impeachment da presidente, que levou Michel Temer à Presidência da República. Em maio de 2016, com Temer ainda na interinidade, Jungmann assumiu o Ministério da Defesa.

Como deputado, Jungmann foi vice-presidente da CPI das Sanguessugas, que investigou um esquema de corrupção envolvendo ambulâncias. Ele também foi um líderes da Frente Brasil Sem Armas, em 2005, no referendo sobre a comercialização de armas.

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